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Tânia

38 anos Estômago, 2015, Familiar
Janeiro de 2015. A minha mãe já não andava bem há algum tempo, mas disfarçava os sintomas. Odiava médicos, hospitais. Tinha perdido imenso peso mas justificava esse facto com novos hábitos alimentares. Quando faleceu um primo, sendo o funeral no Algarve, pediu para eu ir com ela porque não se sentia capaz de ir e vir a conduzir (logo ela, a rainha da autonomia!). Estranhei e fui. Foi nessa viagem que percebi que ela não conseguia engolir nada sólido e a obriguei a ir ao médico. Seguiram-se endoscopias, duas até ao diagnóstico final: carcinoma gástrico com células em anel de sinete e a TAC a revelar carcinomatose peritoneal. Seguiu-se a cirurgia para colocação da PEG, que permitiria a sua alimentação e quase um mês de internamento devido a complicações. Nada mais havia a fazer. Só tentar minimizar o sofrimento. Veio para casa como queria, a tempo de festejar os 9 anos do meu filho, a Páscoa e por último o meu 35 ° aniversário. A dor de saber que seria o último foi indescritível para as duas, apesar de nenhuma de nós o ter demonstrado. Quatro dias depois foi internada de urgência. Faleceu dia 16 de abril de 2015, às 9h20. Estava sozinha porque não permitiram que passasse lá a noite, saí por volta das 22h, quando a sedaram para não sofrer mais. Disse-lhe que a amava centenas de vezes, nestes dois meses. Tratei dela como tratava de mim quando era criança e ficava doente. Ela partiu em paz e, apesar da dor enorme da sua ausência, também senti paz e alívio pelo facto de o sofrimento ter terminado. A minha mãe foi uma mãe e uma avó extraordinária e deu-nos a todos uma grande lição de vida, ao aceitar com serenidade que o caminho dela estava a terminar. Ninguém é eterno. Temos de ir à luta contra esta doença terrível, mas também saber aceitar o momento de parar. A aceitação é fundamental, para o doente e para a família no processo de luto.
 
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