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Bruna Solange dos Santos

19 anos Sarcoma, 2004, Doente
Bem, por onde eu hei de começar? São tantas histórias e tantas outras que ouvimos por ai, sem saber qual delas é a nossa. Mas hoje eu vou contar-te a minha. Faz precisamente 15 anos que marcaram o fim da minha luta contra o cancro. E, só hoje, passado tanto tempo é que me sinto pronta para falar sobre isso! Apesar de ser uma questão da minha vida pessoal (...) acho que chegou a altura de finalmente enfrentar o mundo e contar a minha experiência que, como tantas outras, há-de inspirar alguém a superar o que eu já passei.
Mesmo que tudo pareça impossível, não desistas. Embora pareça que tudo conspira contra, não deixes de acreditar, não baixes a cabeça diante das situações difíceis. Não tens de ver o teu cancro como uma doença que te torna incapaz, fraco, benevolente, vê-a como um grande obstáculo que desta vez vais ter de lutar um bocadinho mais para conseguires ultrapassar. O “depois do cancro” vai ser o período mais difícil que tu vais enfrentar, não só porque estás cansado de lutar, mas também pelas cicatrizes que o mesmo causou em ti. Mas não desanimes! Tudo se recupera, e o que não recuperarmos, damos um jeito. Parar não é opção.
Quando enfrentamos o cancro, temos uma certa dificuldade de contabilizar as perdas e a sabedoria de reconhecer os ganhos. Onde é que ganhamos, afinal? Ganhamos quando os médicos trazem notícias de melhoras e, mesmo que lentamente, da recuperação.
Ganhamos quando entendemos que o tempo não é ilimitado e que cada minuto vale ouro, podendo ser aproveitado e vivido como se fosse o último. Ganhamos com o desenho de uma criança que diz que tudo vai ficar bem, mesmo sem compreender o que se passa (eu era tal criança).
Ganhamos amor e a capacidade de amar mais. Ganhamos quando quem está ao lado faz de tudo por nós! Ganhamos na gentileza das pequenas e grandes atitudes.
Enfim, sei que são muitas as perdas e elas são comuns a todos os que travam esta luta. Quanto aos ganhos não, eles são a excepção reservada àqueles que conseguem ir e ver além do cancro.
O cancro já não é uma sentença de morte e é possível vencer. Mas a luta é ainda muito exigente e o tratamento desgastante. Não é possível vencer sem apoio, suporte e acima de tudo, sem fé.
Assim, sorri sempre que possas. Até os mais difíceis obstáculos se curvarão diante da boa vontade de quem luta para vencer.
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