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Liga Portuguesa Contra o Cancro defende implementação "com urgência" do rastreio para o cancro do pulmão

04 de Fevereiro 2024
O cancro do pulmão é responsável por 15,4% das mortes por cancro, em Portugal. Diagnosticar precocemente esta neoplasia maligna deve ser, segundo os especialistas, uma prioridade.

Em declarações à agência Lusa, nas vésperas do Dia Mundial do Cancro, que se assinala hoje, o presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC), Francisco Cavaleiro de Ferreira, defendeu a implementação “com urgência” de um programa de rastreio de base populacional que garanta uma deteção mais precoce do cancro do pulmão de forma a “dar maior sobrevivência e maior qualidade de vida às pessoas”.
“Este tema é falado há tempo demais. É preciso passar para o terreno. Este é um cancro com alta incidência e alta mortalidade e com baixa sobrevivência porque a maior parte dos cancros do pulmão são diagnosticados tardiamente, o que também se reflete em maior despesa global para o estado [devido ao valor gasto em tratamentos em casos muito avançados]”, disse Francisco Cavaleiro de Ferreira. Referiu, ainda, que a LPCC está disponível para avançar com projetos-piloto nesta área e reiterou que já manifestou essa disponibilidade à tutela.
A experiência da LPCC “há mais de 30 anos a fazer rastreios não deve ser desperdiçada”, defendeu o presidente, recordando que uma parte do trabalho, as convocatórias, é transversal a todos os rastreios de base populacional e “essa é uma máquina que já está montada na LPCC”.
“É uma questão de vontade e de organização. As recomendações internacionais têm o modelo muito bem definido. Não é preciso inventar nada de novo. Os adiamentos são estranhos porque há fundos europeus que estão disponíveis para se poderem iniciar projetos-piloto”, disse o presidente da LPCC.
Projetos-piloto para 2024
O anúncio foi feito há cerca de um ano por Manuel Pizarro, ministro da Saúde, ao garantir que em 2023 haveria projetos de rastreio a serem executados para três dos cancros que mais preocupam os especialistas e os portugueses: pulmão, próstata e estômago. A meta europeia é que o programa de novos rastreios esteja em ação até 2025, mas, embora Portugal não seja o único país da União Europeia ainda a preparar a implementação destas metodologias, a expectativa não se cumpriu no tempo anunciado pela tutela.
Não obstante, há um novo dado que traz algum alento e esperança à comunidade médica e à sociedade em geral, visto que em novembro o alargamento dos programas de rastreio oncológico aos três cancros já referidos foi incluído no Orçamento do Estado para 2024 (OE 2024), através de uma proposta de alteração do PS.
“A inclusão dos três novos rastreios no OE 2024 é uma excelente notícia, que eu espero que se concretize”, conta Isabel Magalhães. A presidente da Pulmonale — Associação Portuguesa de Luta contra o Cancro do Pulmão tem vindo, ao longo dos últimos anos, a estabelecer contacto com as autoridades competentes para a implementação do rastreio do cancro do pulmão, sendo que esta é a neoplasia maligna que mais mata em Portugal e no mundo. “Apesar das recomendações da Comissão Europeia a este propósito, apesar do anúncio do ministro sobre o avanço de um projeto-piloto ainda este ano, nada aconteceu”, lembra a especialista, reforçando que o atraso na implementação do rastreio tem um custo “inaceitável” para os cidadãos.
Por Tenho Cancro e Depois (SIC Not a 11 de Maio 2024

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