Notícias
Voltar
Pandemia covid-19: impacto nos doentes oncológicos
Os doentes com cancros iniciais, que atempadamente seriam curados, ou aqueles que teriam uma longa sobrevivência com qualidade de vida, terão muito menos esperança que isso aconteça.
A convite do jornal Público, o Presidente do Núcleo Regional do Norte da Liga Portuguesa Contra o Cancro, Dr. Vítor Veloso, escreveu um artigo de opinião sobre a situação dos doentes oncológicos nesta altura de pandemia do COVID-19.
"A pandemia da Covid-19 é um dramático acontecimento que atinge transversalmente toda a população mundial, com situações epidemiológicas diversas e ainda não explicáveis. Por exemplo, o mapa que nos é apresentado diariamente pela Direcção-Geral da Saúde (se real e numericamente correcto) é um enigma que divide diversos especialistas, autarcas, entidades de saúde e até políticos.
Com humildade deveremos assumir que o Serviço Nacional de Saúde não estava, de modo nenhum, preparado para esta pandemia, tal como a grande maioria dos países.
Compreendemos e assumimos que o seu combate é uma prioridade e que todas as potencialidades, bem como a organização e reestruturação de todas as instituições hospitalares e de cuidados primários de saúde procuraram, de maneiras diferentes, responder.
Há, no entanto, sem entrar na discussão epidemiológica dos diferentes aspectos da pandemia, situações que não estão a ser devidamente acauteladas, como, por exemplo, a dos doentes idosos e infectados em todos os lares do país. Estes não têm sido internados nos hospitais e são mandados regressar aos lares que não têm as mínimas condições de os receber – sem pessoal, sem material, sem formação e sem isolamento minimamente adequado. Será um princípio de uma selecção natural? Será que desistimos de investir nos idosos e menos privilegiados? Também não se compreende porque os profissionais de saúde não são todos testados de imediato e, posteriormente, de modo periódico.
Fundamentalmente, a razão destas considerações remete para o esquecimento de várias patologias que estiveram acauteladas e que, neste momento, são sistematicamente secundarizadas. Há outras doenças que vão matar muito mais portugueses que a pandemia da covid-19 – AVC, enfarte e cancro.
Nomeadamente no cancro, o panorama é cada vez mais aterrador pois, para além de uma maior incidência, há uma enorme dificuldade na acessibilidade em todos os campos – primeiras consultas, diagnóstico, tratamentos e follow-up.
Com efeito, as situações dos doentes com cancro não estão ser acauteladas. Descurar a luta e os pequenos sucessos que vínhamos a ter no campo da oncologia, de modo lento mas progressivo, vai representar um retrocesso de vários anos.
As listas de espera, já assumidas há vários meses por hospitais da especialidade, vão aumentar de modo exponencial.
Os doentes com cancros iniciais, que atempadamente seriam curados, ou aqueles que teriam uma longa sobrevivência com qualidade de vida, terão muito menos esperança que isso aconteça.
Veremos no final do ano que, estatisticamente, as mortes por cancro e a diminuição da sobrevivência aumentarão exponencialmente. Anteriormente, todos estes cuidados de saúde e, sobretudo, a acessibilidade era razoável (não boa), mas presentemente assiste-se a uma completa deterioração e desorganização relativamente aos doentes com cancro.
Não há linhas condutoras para os diversos hospitais públicos e cada conselho de administração, dentro das suas exíguas capacidades, desenha planos de contingência que pensam ser os melhores. Há esforço, há queixas, há insuficiências intransponíveis e as soluções apresentadas para os doentes são diferentes e adaptadas às realidades existentes.
Uma nota para referir que as normas emanadas pela Direcção-Geral da Saúde em 4 de Abril, e relativas aos doentes com cancro, embora teoricamente e na generalidade estejam correctas, são meros indicadores de ideias e prazos que ninguém vai poder cumprir.
Como nota final, um aplauso para o civismo da população e, de modo especial, para os profissionais de saúde que têm tido um comportamento exemplar e se têm entregado de alma e coração às múltiplas solicitações, pondo em risco, por falta de meios e também pelo esforço despendido, a sua própria saúde e vida.
Temos esperança que esta situação se resolva o mais rapidamente possível pois, para alem da Covid-19, há muita vida para viver e inúmeros doentes para tratar de modo adequado e em tempo útil."
Artigo de opinião, publicado a 16/04/2020 em: https://www.publico.pt/2020/04/16/sociedade/opiniao/pandemia-covid19-impacto-doentes-oncologicos-1912456
LINHA DE APOIO ONCOLÓGICO COVID-19
A Liga Portuguesa Contra o Cancro - Núcleo Regional do Norte (LPCC-NRN) criou uma linha telefónica gratuita para apoiar os doentes oncológicos durante esta pandemia - a Linha de Apoio Oncológico COVID-19.
Se é doente oncológico ou cuidador e reside na região Norte do país, ligue para o número 800 919 232 (das 8h30 às 17h30, de 2ª a 6ª feira - chamada gratuita). Mais informações aqui.
"A pandemia da Covid-19 é um dramático acontecimento que atinge transversalmente toda a população mundial, com situações epidemiológicas diversas e ainda não explicáveis. Por exemplo, o mapa que nos é apresentado diariamente pela Direcção-Geral da Saúde (se real e numericamente correcto) é um enigma que divide diversos especialistas, autarcas, entidades de saúde e até políticos.
Com humildade deveremos assumir que o Serviço Nacional de Saúde não estava, de modo nenhum, preparado para esta pandemia, tal como a grande maioria dos países.
Compreendemos e assumimos que o seu combate é uma prioridade e que todas as potencialidades, bem como a organização e reestruturação de todas as instituições hospitalares e de cuidados primários de saúde procuraram, de maneiras diferentes, responder.
Há, no entanto, sem entrar na discussão epidemiológica dos diferentes aspectos da pandemia, situações que não estão a ser devidamente acauteladas, como, por exemplo, a dos doentes idosos e infectados em todos os lares do país. Estes não têm sido internados nos hospitais e são mandados regressar aos lares que não têm as mínimas condições de os receber – sem pessoal, sem material, sem formação e sem isolamento minimamente adequado. Será um princípio de uma selecção natural? Será que desistimos de investir nos idosos e menos privilegiados? Também não se compreende porque os profissionais de saúde não são todos testados de imediato e, posteriormente, de modo periódico.
Fundamentalmente, a razão destas considerações remete para o esquecimento de várias patologias que estiveram acauteladas e que, neste momento, são sistematicamente secundarizadas. Há outras doenças que vão matar muito mais portugueses que a pandemia da covid-19 – AVC, enfarte e cancro.
Nomeadamente no cancro, o panorama é cada vez mais aterrador pois, para além de uma maior incidência, há uma enorme dificuldade na acessibilidade em todos os campos – primeiras consultas, diagnóstico, tratamentos e follow-up.
Com efeito, as situações dos doentes com cancro não estão ser acauteladas. Descurar a luta e os pequenos sucessos que vínhamos a ter no campo da oncologia, de modo lento mas progressivo, vai representar um retrocesso de vários anos.
As listas de espera, já assumidas há vários meses por hospitais da especialidade, vão aumentar de modo exponencial.
Os doentes com cancros iniciais, que atempadamente seriam curados, ou aqueles que teriam uma longa sobrevivência com qualidade de vida, terão muito menos esperança que isso aconteça.
Veremos no final do ano que, estatisticamente, as mortes por cancro e a diminuição da sobrevivência aumentarão exponencialmente. Anteriormente, todos estes cuidados de saúde e, sobretudo, a acessibilidade era razoável (não boa), mas presentemente assiste-se a uma completa deterioração e desorganização relativamente aos doentes com cancro.
Não há linhas condutoras para os diversos hospitais públicos e cada conselho de administração, dentro das suas exíguas capacidades, desenha planos de contingência que pensam ser os melhores. Há esforço, há queixas, há insuficiências intransponíveis e as soluções apresentadas para os doentes são diferentes e adaptadas às realidades existentes.
Uma nota para referir que as normas emanadas pela Direcção-Geral da Saúde em 4 de Abril, e relativas aos doentes com cancro, embora teoricamente e na generalidade estejam correctas, são meros indicadores de ideias e prazos que ninguém vai poder cumprir.
Como nota final, um aplauso para o civismo da população e, de modo especial, para os profissionais de saúde que têm tido um comportamento exemplar e se têm entregado de alma e coração às múltiplas solicitações, pondo em risco, por falta de meios e também pelo esforço despendido, a sua própria saúde e vida.
Temos esperança que esta situação se resolva o mais rapidamente possível pois, para alem da Covid-19, há muita vida para viver e inúmeros doentes para tratar de modo adequado e em tempo útil."
Artigo de opinião, publicado a 16/04/2020 em: https://www.publico.pt/2020/04/16/sociedade/opiniao/pandemia-covid19-impacto-doentes-oncologicos-1912456
LINHA DE APOIO ONCOLÓGICO COVID-19
A Liga Portuguesa Contra o Cancro - Núcleo Regional do Norte (LPCC-NRN) criou uma linha telefónica gratuita para apoiar os doentes oncológicos durante esta pandemia - a Linha de Apoio Oncológico COVID-19.
Se é doente oncológico ou cuidador e reside na região Norte do país, ligue para o número 800 919 232 (das 8h30 às 17h30, de 2ª a 6ª feira - chamada gratuita). Mais informações aqui.
Sugestões
-
6º ENCONTRO NACIONAL JOVENS INVESTIGADORES EM ONCOLOGIA
24 de Setembro 2024O Núcleo Regional do Norte da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC-NRN), irá promover o 6º ENCONTRO NACIONAL DE JOVENS INVESTIGADORES EM ONCOLOGIA (ENJIO), no dia 24 de Setembro de 2024 no Porto. O 6º ENJIO decorrerá no auditório da LPCC-NRN, com lotação limitada aos lugares... Ler notícia -
Doentes oncológicos no Norte recebem KIT
No âmbito das Comemorações dos 60 anos do Núcleo Regional do Norte da Liga Portuguesa Contra o Cancro, vai ser iniciada uma ação de apoio direto ao Doente oncológico, nos hospitais da região Norte, com a distribuição de Kit’s gratuitos contendo diversos artigos de uso... Ler notícia -
II JORNADAS DE PSICO-ONCOLOGIA UTAD
13 de Maio 2024As II Jornadas de Psico-Oncologia da UTAD, vão realizar-se nos dias 13, 14 e 15 de maio de 2024, organizadas pela Delegação de Vila Real da Liga Portuguesa Contra o Cancro, a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, a Academia Portuguesa de Psico-oncologia e a Unidade Local de Saúde Trás-os-Montes e... Ler notícia -
Lançamento "Um Dia Pela Vida" Póvoa de Varzim
26 de Março 2024A Liga Portuguesa Contra o Cancro – Núcleo Regional do Norte vai lançar o 90º projeto "Um Dia Pela Vida", desta vez no município da Póvoa de Varzim, no dia 26 de março pelas 21h00, no Auditório Municipal da Póvoa de Varzim.A “Cerimónia de Lançamento... Ler notícia -
CONCERTO SOLIDÁRIO: TAXI
19 de Abril 2024Os TAXI, uma das bandas mais icónicas do panorama musical português, estão prontos para iluminar o palco mais uma vez em prol de uma causa nobre. Fundada no Porto em 1979, a banda tornou-se rapidamente uma referência, absorvendo influências musicais que variam do pós-punk à new wave e... Ler notícia -
UTAD e Núcleo Regional Norte assinam protocolo
No dia 8 de fevereiro de 2024, a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e a Liga Portuguesa Contra o Cancro – Núcleo Regional do Norte (LPCC-NRN) formalizaram uma parceria estratégica visando melhorar o apoio aos doentes oncológicos e às suas famílias, no distrito de Vila Real. O... Ler notícia