Programa de Rastreio de Cancro da Mama
Cancro da mama: um problema de saúde pública
O cancro da mama é um problema de saúde pública, apesar de não ser dos mais letais, tem uma alta incidência e uma alta mortalidade, sobretudo na mulher (apenas 1 em cada 100 cancros se desenvolvem no homem). Em Portugal, com uma população feminina de 5 milhões, foram diagnosticados, em 2020, cerca de 7.000 novos casos de cancro da mama e 1.800 mulheres morreram com esta doença.
Para obviar a este estado calamitoso o exame clínico e a mamografia são meios para um diagnóstico precoce.
São conhecidos alguns factores de risco para o cancro da mama, muito associados aos estilos de vida e a características reprodutivas inerentes à vida moderna e ocidentalizada. De notar que há entre 5 a 10% dos cancros da mama diagnosticados que aparentam características genéticas e hereditárias que, caso sejam confirmadas, obrigam a um acompanhamento mais precoce e cuidadoso das familiares.
A grande dificuldade em diminuir a prevalência dos factores de risco para o cancro da mama justificam uma prevenção secundária, isto é, que sejam concretizados procedimentos e atitudes de um diagnóstico o mais precoce possível das lesões malignas. Eles incluem o controlo rigoroso e periódico por mamografia e, quando adequado, ecografia, recorrendo ao aconselhamento pelo Médico Assistente, sobretudo a partir dos 40-45 anos.
O Programa de Rastreio de Cancro da Mama
A Liga Portuguesa Contra o Cancro é uma organização da sociedade civil com vários objectivos direccionados para a problemática oncológica. Nas actividades relativas à prevenção do cancro da mama, destaca-se, desde 1986, o Rastreio de Cancro da Mama iniciado na Região Centro do Paíse posteriormente alargado a todo o território nacional, que tem permitido o diagnóstico de centenas de cancros em fase inicial e, consequentemente, curáveis ou controláveis.
Na verdade, com o Rastreio do Cancro da Mama pretende-se não só um diagnóstico precoce, descobrindo tumores muito pequenos, muitas vezes não palpáveis e só vistos em mamografia ou ecografia ou em fase evolutiva não invasiva permitindo, assim, tratamentos menos mutilantes (cirurgia conservadora) e menos traumatizantes e uma sobrevida livre de doença e global mais longa.
Por exemplo, para melhor avaliação da importância do Rastreio, bastará comparar um tumor que tenha menos de 2 cm de diâmetro tem uma sobrevida aos 10 anos de 85% e, um tumor disseminado, com lesões noutros órgãos, terá uma sobrevida aos 10 anos menor de 15%.
Esse exame radiológico é estudado por 2 médicos radiologistas que, em caso de dúvida, chamam a mulher a uma consulta clínica de aferição. Se subsistirem dúvidas, a mulher é encaminhada para uma instituição hospitalar onde realizará um diagnóstico final e, caso a suspeita se confirme, o tratamento.
É assim que a nível nacional (e até final de 2022) foram já realizadas mais de 5,3 milhões mamografias de Rastreio e encaminhadas para diagnóstico e tratamento mais de 30.000 mulheres, o que permitiu um tratamento menos agressivo, mais eficaz e, mesmo em muitos casos, a cura total. Mas este trabalho terá que continuar – com mais empenhamento da população, com maior participação das mulheres, com ainda maior esforço dos profissionais envolvidos e com maior disponibilidade financeira para adquirir mais e melhores meios de diagnóstico.