Sexualidade e Cancro

Tudo o que queria saber sobre a sua saúde sexual mas teve receio de perguntar

O cancro por si só, e os seus tratamentos em particular, podem provocar mudanças na sexualidade e na intimidade do paciente. Na prática, porém, a maioria dos profissionais de saúde não discute, proactivamente, as questões sexuais com os pacientes.

Apesar de ser difícil, para quase todos os pacientes e companheiros, falar sobre sexualidade e intimidade, pode ser importante pedir apoio e informação, sobre as possíveis mudanças na sua vida sexual, à sua equipa médica. Assim que o tema for abordado por si, os profissionais de saúde reagirão de forma adequada, tornando o tópico mais fácil de conversar em futuras consultas.

Uma vez que a iniciativa, desta conversa sobre sexualidade, poderá ter que partir de si, este folheto pode ajudá-lo(a) a gerir este assunto. De acordo com a Carta Europeia dos Direitos do Doente, tem o direito de obter todo o tipo de informação sobre o seu estado de saúde, sobre os serviços de saúde e como os utilizar. Para além disso, tem direito a viver com qualidade de vida, incluindo a sua saúde e função sexual, independentemente da sua idade, estado civil e fase da doença.

Os profissionais de saúde devem comunicar todas as informações de forma compreensível para si, ou seja, utilizando linguagem simples. Além disso, o seu médico deve esforçar-se por fornecer um atendimento médico competente e oportuno, com compaixão e respeito pela sua privacidade, dignidade e confidencialidade.

O seu diagnóstico e/ou tratamento do cancro está a afetar a sua saúde sexual? Não está sozinho!

  • Dificuldades relativas à sexualidade, surgem como um dos efeitos secundários mais comuns do diagnóstico de cancro e do seu tratamento. Se está a passar por mudanças físicas, emocionais e sociais que afetam a sua saúde sexual, não está sozinho;
  • Se acha difícil trazer à tona o tema da sexualidade, fale com o seu médico sobre isso;
  • Não é o único e isso pode ajudá-lo(a) a libertar-se desse stress. É possível que a sua equipa médica também sinta dificuldades na abordagem desta temática. Pense nas melhores palavras para descrever o que está a sentir ou experienciar e seja o mais objetivo possível.

1. Quais são os desafios e mudanças sexuais mais comuns, num doente oncológico?

O cancro e o seu tratamento podem afetar a sua saúde física e mental. Pode encontrar abaixo uma lista de efeitos secundários físicos e emocionais mais comuns e que podem afetar a sua saúde sexual.

Efeitos físicos

O cancro e os seus tratamentos podem afetar a sua capacidade física para ter relações sexuais. As mudanças físicas e distúrbios sexuais mais comuns incluem:
  • Nas mulheres: secura vaginal, penetração difícil e/ou dolorosa, estreitamento ou atrofia vaginal;
  • Nos homens: disfunção eréctil, ejaculação precoce;
  • Nos dois géneros: cansaço, infertilidade, perda de desejo, alterações na sensibilidade e capacidade de resposta sexual, relações sexuais dolorosas, perda de sensibilidade nos órgãos sexuais e de capacidade para o orgasmo e / ou satisfação, incontinência urinária ou fecal, estoma, alterações na imagem corporal.

Efeitos emocionais

Como resultado da própria doença ou relacionado com o seu tratamento, poderá sentir alguns efeitos psicossociais:
  • Ansiedade e medo;
  • Angústia e depressão;
  • Isolamento social;
  • Mudanças na autoimagem: baixa autoestima e autoconfiança;
  • Diferentes reações emocionais e sentimentais (mudanças de humor, tristeza, raiva, culpa, vergonha, insegurança e exclusão, incerteza);
  • Alteração ou perturbação na relação com o seu parceiro;
  • Perda de desejo.

2. Como iniciar uma conversa sobre sexualidade com o seu médico/equipa médica?

Seja solteiro ou não, é importante pedir informações e apoio no que concerne à sua saúde sexual. É particularmente importante questionar antes do início dos tratamentos, pois poderá determinar qual a abordagem mais indicada no seu caso. Antes da consulta, reflita e tome nota de todas as perguntas, problemas e preocupações.

  • "É natural que eu venha a ter alterações sexuais devido ao tratamento?"
  • "Quais serão os efeitos secundários, relacionados com a sexualidade, que poderão acontecer durante e após o tratamento?"
  • "Os efeitos secundários serão permanentes? Desaparecerão naturalmente?"
  • "É normal que os tratamentos afetem o meu desejo sexual?"
  • "Será que o meu desejo sexual vai voltar?"
  • "O que poderei fazer se sentir secura vaginal/disfunção erétil?"
  • "O que poderei fazer se sentir dor durante a penetração?"
  • "O que poderá fazer o/a meu/minha parceiro(a) sexual para que eu me sinta mais confortável?"
  • "De que forma poderá/irá o cancro afetar a minha imagem corporal e saúde sexual?"
  • "Com quem posso falar, mais detalhadamente, acerca destas questões/preocupações?"
  • "É possível obter ajuda profissional para problemas sexuais? Onde?"
  • "Onde posso encontrar informação relevante na Internet?"

3. Quais são os profissionais de saúde com quem devo falar?

A maioria dos profissionais de saúde pode oferecer conselhos e tratamento que o podem ajudar ou então encaminhá-lo(a) para alguém que ajude a compreender e a lidar com os seus sentimentos ou quaisquer mudanças que sinta. O mais importante é abordar alguém da sua equipa de saúde em quem confia e com quem se sente confortável. Se gostaria de falar sobre questões relacionadas com os efeitos colaterais físicos, comece por consultar o seu médico de clínica geral, oncologista ou enfermeira especializada. Caso necessite de maior suporte emocional e social, peça encaminhamento para um sexólogo ou psicólogo.

Esteja ciente de que a maioria dos problemas sexuais aparecem pouco tempo após o início do tratamento. Neste caso, o seu médico de clínica geral é o primeiro a poder ajudá-lo(a) e encaminhá-lo(a) para um especialista adequado, dependendo do seu problema. Nem sempre encontrará um especialista que seja sensível, facto este que poderá tornar a conversa sobre a sua intimidade e sexualidade desconfortável. Nestes casos, o ideal será conversar com um profissional da área ou tentar encontrar alguém com quem se sinta confortável.

4. Quais são as entidades que fornecem informações credíveis?

São muitas as entidades associadas ao cancro, organizações de apoio ao doente, associações de profissionais de saúde e hospitais que fornecem informação acreditada e muitas vezes oferecem consultas gratuitas com especialistas e linhas de apoio telefónicas. Pode também consultar sites de outros profissionais especializados, como: sexólogos e psicólogos.
Se sentir dificuldades em encontrar informações fiáveis online, peça ajuda à sua equipa de saúde. Pode começar por procurar sites nacionais/locais:

Conclusões

  1. A “sexualidade” pode ter diferentes interpretações para diferentes pessoas e cada um expressa-a de acordo com a sua forma de estar.

  2. As necessidades sexuais não desaparecem quando um cancro é diagnosticado, mas podem ter um peso diferente ao longo do percurso e podem exigir ajustes durante as diferentes fases da sua jornada (diagnostico/ tratamento/ pósdoença). Mesmo na última fase (paliativa) as pessoas continuam a ser seres sexuais e podem precisar de contacto íntimo e/ou sexual.

  3. A doença e o tratamento podem causar dificuldades e alterações na saúde sexual do paciente. Alguns podem ser temporários, mas outros podem prolongar-se por muito tempo. 4. Cuidar da sua intimidade é muito importante. A masturbação, tal como falar, ouvir, tocar, abraçar e acariciar os outros, pode melhorar a sua saúde mental e facilitar a sua atividade sexual.

  4. Pode ser uma boa ideia convidar o seu/a sua parceiro/a para as consultas médicas em que planeia falar sobre os seus problemas e saúde sexual.

  5. Amigos, família e outros sobreviventes podem ser úteis para aliviar, pelo menos parcialmente, estes desafios emocionais.

  6. A sua saúde sexual é importante, deve por isso cuidá-la. É normal solicitar informação sobre questões sexuais e receber, dos profissionais de saúde, conselhos práticos e apoio emocional.

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A Liga Portuguesa Contra o Cancro apresenta-se sensível e consciente das necessidades deste tipo de apoio e disponibiliza Consultas de Psico-Oncologia gratuitas e dirigidas aos doentes oncológicos e seus familiares.

Saiba mais informação sobre as Consulta de Psico-Oncologia e outras clicando aqui.

Fonte: Association of European Cancer Leagues (ECL) | www.cancer.eu

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