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Andrea Raquel Silva Rocha

28 anos Ovário, 2009, Doente
Ola, o meu nome é Andrea e no início do ano de 2008 a minha barriga começou a crescer... Achei muito estranho porque fazia uma alimentação saudável e bastante exercício físico, o primeiro pensamento foi que estaria grávida. Lá fui fazer o teste e tal não se confirmou, então resolvi ir ao médico. Na visita à ginecologista fez-me um exame mais minucioso e detetou-me um tumor já com 13cm. Felizmente fui logo operada de urgência a 13 de maio de 2008 e retiraram-me o tumor e um ovário, sendo o diagnóstico pós-operatório de Tumor Borderline 13cm, 455g. Fui fazer uma PET e após resultado da PET encaminharam-me para o IPO, onde tive alta sem qualquer tipo de tratamento em novembro desse ano. Mas a barriga voltou-me a crescer e, assustada, voltei ao ginecologista e entre exames e novo diagnóstico passou-se quase um ano. Fui novamente operada de urgência a 1 outubro 2009... Fiz uma anexectomia direita + lavado peritoneal + apendicectomia + omentectomia infra mesocólica + exérese de implantes da parede abdominal e peritoneais + adesiolise, com o diagnóstico de adenocarcinoma papilar seroso do ovário, Estadio IV. Após esta cirurgia foi dito à minha família para, se eram crentes, rezarem para eu chegar ao Natal. Iniciei quimioterapia a 15 outubro. Em 24 de fevereiro de 2010 fui proposta para fazer uma cirurgia citoredutora e começar uma segunda linha de tratamento. Em 6 de maio de 2010 fui submetida a histerectomia total, biopsias peritoniais e biopsia aberta do fígado. Fiz mais quimioterapia e, em 9 de dezembro de 2010, fui submetida a perinectomia com administração de quimioterapia intraperitoneal hipertérmica, colecistomia, esplenectomia, ressecção anterior do reto com ileostomia de proteção e ileocolectomia segmentar por carcinomatose peritoneal. Após esta última cirurgia tive muitas complicações infeciosas mas, em março de 2011, após recuperar um pouco, regressei a quimioterapia. E entretanto já fui novamente operada mas desta vez por uma boa causa: foi pra refazer o trânsito intestinal e retirar o malogrado saco. Como podem ver, a minha vida não tem sido fácil mas ao contrário de todas as expetativas médicas ainda cá ando e com qualidade de vida. Já passei o tal Natal que não era suposto e o de 2010 e tenho intensões de passar o 2011 e os próximos também. Nada é fácil em todo este processo, desde o diagnóstico, a perda de cabelo, sintomas da quimioterapia, o passarmos mais tempo no hospital que em casa... É mesmo muito difícil mas o importante é não desistir de nós mesmos. São muito importantes os tratamentos, mas a forma como lidamos com a doença é 50% da cura. Eu sei que é difícil mas de que vale deixarmo-nos ir abaixo, andar a chorar pelos cantos ou deixar de fazer o que fazíamos antes e que nos dava prazer? Não vale de nada, só faz com que todo o processo seja ainda mais doloroso e não é isso que se pretende. Não sou exemplo para ninguém, mas o que penso nos dias em que estou pior é que há sempre alguém pior e lembro-me de todos aqueles que me amam e precisam de mim. Há sempre alguém que precisa de nós, nem que seja só do nosso sorriso ou raspanete. Nunca desistam de vocês mesmos, por mais que vos pareça aterrador e se questionem "porquê eu, porquê agora?". Há sempre uma luz no fundo do túnel e, se não houver, o importante é saberem que viveram em pleno e de acordo com as vossas convicções, que amaram e foram amados. Eu acredito que apesar das circunstâncias sairei vencedora nesta luta desigual e gostaria que todas as pessoas com o mesmo problema tivessem a mesma força e convicção que eu tenho. Quero aproveitar pra agradecer à minha família que tem sido excecional em todo o processo, a toda a equipa que me tem seguido no hospital e, claro, como não podia faltar, àqueles que se revelaram verdadeiros amigos. Um bem-haja para todos os que estão na mesma situação e a suas famílias.
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