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Bruno Ramalho
25 anos Linfoma Não Hodgkin, 2002, Doente A minha relação com o cancro remonta a outubro de 2002, tinha na altura 15 anos feitos há pouco tempo e enfrentava um novo mundo com a passagem do ensino básico para o secundário. Foi uma altura de muitas e importantes decisões, e também de transformações, visto que atravessava a bela fase da adolescência, e tinha basicamente planeado os três anos seguintes da minha vida, até concluir o secundário, depois logo se veria. Estes planos foram interrompidos com uma ida às urgências do hospital local, onde após um primeiro diagnóstico pairou no ar a hipótese de eu ter contraído tuberculose e a certeza de estar com uma pneumonia. Na altura todos os sintomas apontavam para tal, andava cansado, tinha emagrecido cerca de 25kg, tinha suores noturnos, e tinha também uns “papos” a ganhar volume nas axilas e na base do pescoço. Foi através destes papos, e após a execução de uma biópsia, que chegou o momento da verdade, o diagnóstico correto indicava que padecia de um linfoma não-hodkin, já bastante desenvolvido. Fui então transferido para outra instituição, esta dedicada à oncologia, onde iniciei os tratamentos de quimioterapia de imediato. Fiz sessões consecutivas até meados de janeiro de 2003, altura em que através de contacto com um paciente do mesmo hospital, apanhei uma varicela, que trazia um “bónus”, uma segunda pneumonia, num curto espaço de tempo. Até à altura havia feito todos os tratamentos em regime de ambulatório, mas desta vez tive mesmo que ficar internado, não conseguia respirar, não conseguia andar nem sentir as pernas, tinha picos de febre que me faziam delirar. Posso até dizer que durante o período todo de tratamentos, os 10 dias que durou este internamento foram os mais penosos, foram os únicos dias em que pensei que não iria estar cá hoje para partilhar a minha história. Findo este terrível período seguiram-se as restantes sessões de quimioterapia, e posteriormente as sessões de radioterapia, que duraram até ao final de julho de 2003. Embora a quimioterapia me provocasse mais dores imediatas, era com a radioterapia que eu mais ficava atormentado, e no fundo havia uma razão para tal. Apesar do óbvio beneficio para a minha saúde, a radioterapia estava também a “desprogramar-me” a tiroide, e também a apodrecer um dente. Mas isto eram dores agoniantes ao mesmo tempo que eram a certeza de poder ter um futuro, de poder um dia trabalhar, de ter uma formação, de constituir família, de partilhar com o mundo o meu testemunho. Não há bons ou maus conselhos a dar a quem tem a infeliz sorte de combater contra um cancro, o que se tem que fazer é dar força, mostrar às pessoas o quão importantes são, o quão importante e maravilhosa é a vida, enxugar as lágrimas e colocar um sorriso no rosto, demonstrar que somos mais fortes que o cancro. Claro que vão existir sempre os momentos em que se está em baixo, mas isso não é apenas inerente ao cancro, visto que todos nós interrompemos algo na vida para vencer o cancro, e após vencer essa batalha apenas temos de continuar a vida, à qual damos decerto um valor especial.
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