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Diana Damião

27 anos Mama, 2006, Familiar
Em julho de 2006, tinha eu 20 anos, o meu mundo tremeu. No dia em que a minha mãe fez uma mamografia, soube-se que tinha cancro da mama. Entretanto, em agosto, foi submetida a uma cirurgia e, posteriormente, fez radioterapia. Digamos que tudo estava a correr bem. Era vista pelo médico com frequência, fazia análises e exames regularmente e tomava sempre o comprimido diário, sem nunca falhar. Estávamos em 2010 e faltava apenas um ano para a minha mãe ter "alta" do médico, quando começou a sentir dores abdominais e a ficar com um cansaço na voz muito estranho. Como os sintomas não passavam, bem pelo contrário, decidimos ir às urgências, para sabermos o que se passava e resolver a questão. Se em 2006 sofri, não sei como descrever o mês de outubro de 2010 quando descobrimos que, afinal, o cancro tinha metastizado: instalara-se no fígado. Afinal, algumas células tinham-se escapado e durante quatro anos fizeram-nos acreditar que tínhamos vencido a doença. Mas não. Ali estava ela outra vez. O mês seguinte, novembro, foi o pior que já vivi, pois via a minha mãe a ficar cada vez pior, mesmo tomando uma série de medicamentos, mesmo a fazer quimioterapia, mesmo a tomar vitaminas. Eu já não sabia o que fazer, pois cuidava dela o melhor que conseguia e não via melhoras. Eu fazia os possíveis e os impossíveis para me manter sã, porque a minha mãe precisava de mim, embora às vezes me sentisse doente psicologicamente, uma vez que de dia para dia o seu estado de saúde piorava. No entanto, nunca perdi a esperança, nunca. Achei que a minha mãe não ia morrer, que isso não era possível, pois estava a ser bem tratada por mim, pelo meu pai, pela minha tia, que para nós foi um anjo, e, sobretudo, pelo médico que a acompanhava. Mas todos os cuidados não foram suficientes e a doença venceu-a (ou melhor, venceu-nos) a 07 de dezembro de 2010. Nesse dia, perdi a minha mãe e a minha melhor amiga.Apesar de ter sido apenas um mês e meio de doença, foi um período muito pesado, difícil e desgastante psicologicamente. Já se passaram dois anos e quatro meses e posso dizer que só ao final de dois anos consegui recomeçar a "viver". Até lá sobrevivi. Fui aprendendo, ao longo desse período, que devemos cuidar dos que estão vivos e precisam de nós, e que não vale a pena fazer planos a longo prazo. Devemos, sim, viver um dia de cada vez, apreciar os pequenos prazeres da vida e, principalmente, manter vivas as pessoas que já partiram. Embora não tenha a minha mãe comigo, ela continua a ser a pessoa mais importante da minha vida e o seu lugar no meu coração jamais será preenchido, continuará a pertencer-lhe, sempre.
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