Voltar

helena maria santos

56 anos Mama, 2010, Doente
Tinha acabado de saber que a minha filha ia ser internada para fazer uma laparoscopia com vista a determinar as causas da infertilidade com que lutava há cerca de 2 anos, e que eu desconhecia por completo. Para me sentir esclarecida sobre o assunto marquei uma consulta na minha ginecologista para conversar com ela sobre a minha filha (que foi também doente dela durante muitos anos) e não propriamente por causa de mim pois tinha sido consultada há cerca de 7 meses e feito todos os exames de rotina (incluindo a mamografia) e estava tudo bem comigo. Depois de falarmos sobre o assunto da infertilidade, ela insistiu em observar-me e eu sempre a esquivar-me com a desculpa de que ainda o tínhamos feito há pouco tempo e que não era necessário. Ela insistiu tanto que ganhou a "batalha"! E foi nesse momento que a minha vida mudou! Apalpou um nódulo muito grande na mama esquerda e, a partir daí, não precisaria de vos explicar o que se passou: mamografia, ecografia, consulta, fax para IPO, consulta, biópsia, consulta terapêutica, internamento, mastectomia, consultas quase diárias de enfermagem, quimioterapia (6 sessões), hormonoterapia (durante 1 ano de 3 em 3 semanas), consultas de rotina, exames de rotina, etc. E os sentimentos envolvidos em todo este processo são muito difíceis de pôr por escrito. Para não criar mais stress na minha filha escondi-lhe até poder o que se estava a passar comigo. À minha mãe (que também tinha feito uma mastectomia aos 60 anos) só lhe contei quando o meu cabelo começou a cair. Foi por amor que tentei poupá-las o mais que pude! Tentei ser forte, ser positiva e aquelas coisas todas que nos incutem e foi por isso que um dia no meu emprego (faltava uma semana para a cirurgia) tive um ataque de ansiedade e uma colega teve que me levar ao médico com urgência! Foi só a partir daí que tomei calmantes mas tomei-os pouco tempo. Fui conseguindo superar com a ajuda do meu marido, que não podia ter estado mais presente, e que foi essencial para a minha recuperação. Superou tudo o que eu poderia esperar dele. Esteve sempre presente em todas as consultas, todos os tratamentos e sempre a dizer um disparate para me fazer sorrir! No início não foi fácil, falávamos pouco sobre o assunto, eu não chorava, não me manifestava nem ele e foi por isso que tive aquele episódio no trabalho, mas depois encontrámos um ponto de equilíbrio e tudo se tornou mais fácil. Agora, em fevereiro de 2013, a minha filha está finalmente à espera de bebé (…) e eu estou relativamente bem. Para a semana vou ao IPO pois também tenho artrite reumatoide e sou lá seguida nessa área e, em março, tenho a consulta da mama. E esta vai ser a minha vida nos próximos anos, sempre com o coração nas mãos, com medo que qualquer valor esteja alterado e que o processo comece todo de novo. Haveria muito mais para contar mas na verdade a minha história é igual a tantas outras (…). Desejo que a minha história tenha um final feliz e a vossa também, pois se me estão aqui a ler é porque de forma direta ou indireta a doença surgiu nas vossas vidas. Temos de ser felizes aos pouquinhos (…). "A felicidade não está no fim do caminho. A felicidade é o caminho!" Boa sorte a todos.
Voltar

Outros Testemunhos

  • “Há coisas que se podem escrever quando já não dói ...”Não há datas mágicas, mas já lá vão cinco anos.No dia 18 de janeiro de 2006, ouvi a...Graça Luzia, 49 anos, Mama, 2005Ler mais
  • Olá! Sou a Fernanda, tenho 42 anos e tenho cancro da mama.No dia 19 de Outubro de 2015 fiz uma mamografia de rotina, que acusou uma...Fernanda Silva, 42 anos, Mama, 2015Ler mais
  • A minha avó partiu a 14 de março deste ano com 84 anos. Foi-lhe diagnosticado um cancro da mama. Um cancro feroz, atípico para a idade dela. Fez uma...Andreia, 27 anos, Mama, 2009Ler mais
  • Fui diagnosticada com cancro inflamatório da mama, em dezembro de 2013. Com uma filha de 3 anos e meio, não me restou senão...Vera Fernandes, 34 anos, Mama, 2013Ler mais
  • O meu avô paterno, meu pai, minha irmã, minha mãe e meu primo, todos faleceram de cancro de vários tipos. Este ano ao fim de...Rita Xavier, 40 anos, Mama, 2019Ler mais
  • Decorridos oito anos, ainda consigo trazer para o papel um percurso duro na sua essência mas repleto de força, a força que nos chega das gargalhadas que...Fátima Bernardo, 47 anos, Mama, 2007Ler mais
Apoios & Parcerias