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Janine Pinto

27 anos Linfoma Hodgkin, 2018, Doente
Eu que sempre gostei de estar com os meus amigos e poder ir a um bar e beber um copo, de um momento para o outro fiquei intolerante ao álcool. Mal sentia o cheiro, sentia uma dor horrível no peito e tinha imensas dificuldades de respiração, até que isso me aconteceu exatamente na rua. Fui de urgência para o hospital e foi me dito que seria stress e fui medicada (Como não acreditei no diagnóstico, nem tomei nada). Voltei mais umas 2 vezes ao hospital e nunca me fizeram exames e diziam sempre o mesmo, isto em 2016. Até que em 2018 as minhas plaquetas disparam de forma absurda, aparecem me uns gânglios nas virilhas e eu já me sentia cansada há algum tempo (mas achava que era do exercício físico que tinha aumentado). Logo na primeira consulta e pelos sintomas, a médica disse me friamente, como quem diz "tens uma constipação", disse-me "isso é um linfoma, e se és intolerante ao álcool há dois anos, já o deves ter a esse tempo sem ter sido diagnosticado". Pois bem, após 3 biópsias e mil exames, confirmou-se o pior, linfoma Hodgkin com metástases junto ao pulmão direito, o que me levou a fazer 3 ciclos de quimioterapia e radioterapia. Naquele momento fiquei sem chão, senti-me revoltada por as coisas terem chegado aquele ponto e nunca ninguém ter detetado, mesmo quando eu ia de urgência. Ao mesmo tempo, tenho que estar agradecida pela médica que sempre tive e tenho comigo, que é excelente.
Chorei muito no primeiro dia, perguntava-me "porquê eu? Porquê com 26 anos? O que é que me vai acontecer?" Mas depois lembrei-me de um dos meus lemas de vida "tudo acontece por um motivo" por isso aquela foi a única vez que me caíram as lágrimas, eu ergui a casa e jurei que ia conseguir!
A quimioterapia foi um pouco dolorosa (…). Mas sempre fiz questão de demonstrar que estava tudo bem, porque sabia que a minha família precisava de mim, então nunca me queixei uma única vez. Eles já estavam a sofrer tanto, que se soubessem que eu estava com dores, desconforto, efeitos secundários dos tratamentos, o sofrimento aumentava. Fiz questão de descomplicar e vencer, esse era o meu principal objetivo. Mas a verdade é que depois de tudo, estou aqui, mas eles deixaram-me muitas marcas... marcas essas que podem-me acompanhar para a vida.
Agora é aprender a viver com as sequelas com que fiquei, aprender a viver sem fazer coisas que fazia e a fazer coisas que não fazia. Faz parte, mas a vida é mesmo assim, uma aprendizagem constante e eu estou viva e feliz por isso!
 
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