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José Neves
65 anos Colo-Rectal (Intestino), 2005, Doente Corria o ano de 2005 e tinha ultrapassado as seis décadas de existência de uma vida com altos e baixos, mas globalmente positiva. Estava reformado, após trinta e cinco anos de bancário e mantinha a prática regular de atividade física, fazendo corrida como atleta de pelotão. Pelo S. João na habitual prova de 15 Kms das Festas da Cidade do Porto, participei e completei com toda a normalidade para que estava preparado, procurando sempre o meu lema: ir mais além. Contudo, um mês depois comecei por ter umas cólicas abdominais e após vários exames médicos foi-me proposto ser operado de urgência, pois a existência de uma massa no intestino grosso poderia provocar-me uma oclusão intestinal. Como não tinha alternativa, dei o meu ok à intervenção cirúrgica. Tudo correu bem e após cinco dias de internamento já dava a volta ao quarteirão da minha rua. Uns dias depois fui à primeira consulta após a operação e notei um embaraço, não habitual, por parte do médico que me assistia. Pois claro, o resultado da análise, diz tratar-se de uma prenda envenenada e portanto teria de iniciar de imediato tratamento de quimioterapia. Como devem calcular, a marreta tinha toneladas de peso e para além da minha cabeça abanou a casa toda. Todavia, no dia seguinte e depois de algum descanso, chegou a altura de parar para pensar. É evidente que pensei pela primeira vez que o meu prazo de validade estava a ser reavaliado. Felizmente agarrei o prognóstico do médico, acreditei e verifiquei que não havia outro caminho. Esta nova corrida, agora contra o Cancro do Intestino ia começar. Para mim, foram trinta estafetas, cinco por semana durante seis meses. Os trajectos quase só tinham subidas e as sapatilhas por vezes pareciam ter chumbo, mas a vontade de vencer conseguiu sempre ultrapassar esses momentos menos fáceis. A meta desta minha maratona da vida. Apareceu e os resultados foram positivos. Posteriormente, fiz exames para verificarem se a quimioterapia teria afetado algum órgão fundamental para poder voltar a correr. Fui um sortudo porque tudo estava bem. No entanto, não posso deixar de realçar quanto foram importantes os meus anjos terrenos, os anjos de bata branca que acompanharam todo este processo. Igualmente fundamentais foram os anjos caseiros, meus filhos, noras e em especial o meu anjo que me guarda à trinta e seis anos. Entretanto, lentamente voltei à normalidade e passados dois anos, em junho de 2007 pelo S. João, voltei a completar os 15 Kms da prova das Festas da Cidade do Porto em perfeitas condições. Depois outras provas como a do Dia do Pai no Porto, S. Silvestre no Porto, Corrida das Fogueiras em Peniche, Meia Maratona de Ovar, Carrera de Santiago de Compostela e outras estão sempre à minha espera. Neste momento, agosto de 2008, já passaram três anos, continuo com a vigilância adequada no hospital onde sempre fui tratado e pelos resultados que me vão sendo transmitidos a situação parece estar controlada. Além disso, tendo-me apercebido como é importante ser ouvido porque precisamos incessantemente de desabafar - passei a fazer voluntariado no Hospital de Dia onde fiz a quimioterapia, procurando ouvir e alimentar as conversas que mais agradam a cada um e se for oportuno também falar sobre a doença. Durante estes três anos muito aprendi sobre este assunto, ouvindo e lendo e por isso peço a todas as pessoas que por aqui naveguem, que pela vossa rica saúde tudo tentem para não chegarem a ser meus colegas, nunca deixando para amanhã o que podem fazer hoje. Em primeiro lugar façam prevenção, privilegiando a dieta mediterrânica, que é rica em azeite, legumes, frutas, laticínios e peixe e mantendo uma actividade física regular (uma boa caminhada, se possível diariamente) e não esquecendo 1,5 L de água por dia. Evitem a obesidade e fujam do tabaco. Outra coisa importante é a deteção precoce, fazendo o rastreio a partir dos 45 anos ou menos se tiverem antecedentes familiares de cancro. Neste momento, gostava de deixar uma mensagem de esperança aos meus colegas que se encontram a lutar, lembrando que todos os dias a medicina apresenta novas soluções e que mantendo a fé nas suas crenças, sem desistir, vencer é possível. Um abraço amigo e até sempre.
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