Testemunhos QUEBRAR O SILÊNCIO
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Marta Borges
39 anos Melanoma, 2017, Doente Deixo aqui o meu testemunho para poder alertar outras pessoas. No meu caso, apareceu-me uma pequena mancha na nádega direita já há alguns anos... mas como tenho bastante sinais nas costas e era um sítio que eu não observava todos os dias, não dei importância. A minha mãe, que me via quase todos os dias a sair do banho, é que me estava sempre a alertar para ir ao médico mostrar aquele sinal/mancha. Até que fui a uma dermatologista e mostrei a mancha, tendo esta aconselhada a vigiar e ver se crescia. A mancha/sinal foi crescendo e mudando de cor, dando lugar a uma espécie de verruga, que se notava na roupa e causava comichão. Aí fiquei alerta e marquei consulta noutro dermatologista só para descargo de consciência. Na consulta o dermatologista quis logo tirar o sinal para análise pois não gostou nada do aspeto dele. Após análise veio o resultado que ninguém estava à espera. MELANOMA MALIGNO GRAU 4. Até hoje não derramei uma única lágrima, a minha preocupação foi saber como dizer aos meus pais! Foi um caos em minha casa, com a minha mãe em negação e os restantes familiares sem saberem como agir comigo. Estive sempre calma e com uma atitude otimista, e tenho a certeza que foi desta forma que me ajudou a chegar até aqui. Hoje já fui operada e estou à espera de saber o resultado. Dia 17 de abril de 2018 tenho consulta, e digo "o que for será", não sofro por antecipação.
Tirei muitos ensinamentos disto tudo, cresci como ser humano e comecei a não valorizar as coisas que não tinham importância. Fiz sempre o que quis dentro das minhas possibilidades, mas o que mais quis foi paz e sossego e consegui impor isso a mim e às outras pessoas. Quis que poucas pessoas soubessem pois não queria o olhar de pena delas, só mesmo os mais chegados e sempre disse "não sou nenhuma coitadinha"!
Para além de tudo isto tenho outra doença que considero mais incapacitante e dolorosa que o cancro. Mas tive que saber viver com estas duas doenças. Soube e sei viver muito bem. Por isso não vejam o cancro como o fim de alguma coisa, mas sim o iniciar de uma nova etapa na nossa vida.
Tirei muitos ensinamentos disto tudo, cresci como ser humano e comecei a não valorizar as coisas que não tinham importância. Fiz sempre o que quis dentro das minhas possibilidades, mas o que mais quis foi paz e sossego e consegui impor isso a mim e às outras pessoas. Quis que poucas pessoas soubessem pois não queria o olhar de pena delas, só mesmo os mais chegados e sempre disse "não sou nenhuma coitadinha"!
Para além de tudo isto tenho outra doença que considero mais incapacitante e dolorosa que o cancro. Mas tive que saber viver com estas duas doenças. Soube e sei viver muito bem. Por isso não vejam o cancro como o fim de alguma coisa, mas sim o iniciar de uma nova etapa na nossa vida.
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