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Natália de Carvalho Franco Gomes

37 anos Mama, 2008, Doente
Em outubro de 2008, estava grávida de 9 semanas, quando descobri uma massa anormal no peito. Confirmado o diagnóstico, após uma biópsia, fui “forçada” a interromper a gravidez programada para avançar de imediato com todos os exames e tratamentos necessários. A decisão passava por ponderar, deixar avançar a gravidez, arriscar, e não estar cá para criar os três filhos que deixaria, ou tratar-me para tentar garantir a minha participação no crescimento dos meus dois filhos. Fiz uma quadrantectomia, após uma quantidade imensa de exames, para despiste de metástases, a que se seguiu a quimioterapia. Face ao diagnóstico de carcinoma da mama orientada no sentido de tomar a melhor decisão, tendo em conta as possibilidades disponíveis, aceitei de imediato o desafio de fazer a análise genética no IPO, na consulta de risco familiar, primeiramente pela curiosidade de tentar perceber se, efetivamente, havia herdado da minha mãe a mutação (uma vez que a incidência de casos de cancro na família era enorme). (…) Em quinze dias obtivemos o resultado (positivo em mutação genética em BRCA2), o que me levou, após muitos esclarecimentos, a ponderar as melhores soluções. Embora a decisão fosse extremamente difícil de tomar, avançar com a radioterapia poderia significar não poder fazer reconstrução mamária em caso de recidiva, o que seria extremamente penalizador e traumático. Por esta razão, e dentro do tempo adequado, tomei a decisão de fazer mastectomia bilateral profilática com início de reconstrução mamária. Passei por esse processo faseado, com as respetivas cirurgias inerentes à reconstrução. Fui esclarecida quanto à probabilidade de vir a desenvolver cancro nos ovários e decidi também fazer a histerectomia bilateral com anexectomia. Apesar de todo este processo, tão difícil para mim e para a minha família, acreditamos que estas foram as decisões mais acertadas para poder continuar a acompanhar o crescimento dos meus dois filhos (hoje com 6 e 16 anos de idade). Hoje faço exames trimestrais e tenho uma vida, em tudo, normal. Depois de ter vivido esta experiência tão marcante ao longo de cerca de dois anos, tento agora pensar que os anos que viver deverão ser de qualidade, fazendo as coisas de que mais gosto, passando tanto tempo quanto possível com as pessoas que são realmente importantes para mim, vivendo intensamente, contudo, um dia de cada vez. A vida é demasiado preciosa e pode ser demasiado curta para ser desperdiçada. Penso imenso em aproveitar a vida ao máximo! Tenho consciência de que, correndo os mesmos riscos de vida que qualquer cidadão comum, acresce ainda o de recidiva de uma doença que sei que tenho e que pode surgir de novo a qualquer momento. Para além disso, as consequências das cirurgias que fiz sem poder receber medicação adicional irão, a médio ou longo prazo fazer-se notar e, por isso, não quero desperdiçar tempo. Quero acreditar, que desta forma, ganhei algum tempo extra, que nada disto foi em vão. (…)
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