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Paulo Ponte

23 anos Leucemia, 1999, Doente
Tudo começou quando acordei com um alto no pescoço. Pensei que tinha sido um jeito dado enquanto dormia. Mas estava bem longe de estar certo. Esse alto foi aumentando até que tinha o pescoço quase quadrado! Durante um mês fui ao hospital da minha residência e lá diziam que era apenas um vírus que passava com o tempo- o vírus do "beijinho" (Mononucleose infeciosa). Durante todo esse mês foi o que ouvi e até cheguei a ser mal tratado. Não me vou esquecer nunca do que um médico disse "isto não é caso para se vir a um hospital". Só mesmo no último dia, quando fui a uma consulta, devido a outro problema é que a médica achou muito estranho e mandou-me para o IPO. Foi o pior dia da minha vida! Fiz vários exames e foi-me diagnosticado uma Leucemia. Toda a minha família ficou de rastos e eu com apenas 9 anos de idade ainda não tinha mentalidade para perceber o que se estava a passar, mas não foi preciso muito tempo para perceber...Passados uns dias de estar internado, é que percebi o que se estava a passar. Percebi que afinal o vírus que tinha e que a minha mãe tanto me tentava esconder, dizendo que era um vírus que passava, afinal era um cancro! Os primeiros tempos no hospital foram os mais difíceis. Fiz os meus 10 anos na cama do hospital, não podia brincar com os meus amigos, os tratamentos deixavam-me muito em baixo. Fui obrigado a crescer e rapidamente. Já não era uma criança que brincava com “action man’s”, mas sim um pequeno adulto com uma vontade de viver e que foi capaz de ultrapassar tudo para seguir em frente na vida!Os anos foram passando e eu ia crescendo e sobrevivendo, mas ao mesmo tempo via amigos partir o que foi muito difícil! Eu consegui vencer e tenho de agradecer a Deus, aos médicos que me curaram, às enfermeiras, aos auxiliares que tão bem me trataram naquele magnífico hospital, o IPO. E principalmente ao apoio da minha família, principalmente da minha mãe e da minha avó foram eles que me fizeram vencer esta luta, sem eles não era capaz... Obrigado!Hoje passado 14 anos, sou um rapaz saudável apesar de ter ficado com muitas sequelas posso dizer que o que interessa é que estou vivo, podia já não estar cá para vos contar a minha história mas felizmente tenho essa sorte de ter ultrapassado tudo e de estar bem.Tenham sempre vontade de viver! Se o tiverem, já é meio caminho para vencer! (…)
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