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Tânia Neto

18 anos Tiróide, 2009, Doente
O que está aqui escrito é mais um desabafo que um testemunho. É difícil encontrar alguém com quem possamos falar sobre este tema ainda tão tabu na sociedade. Descobriram a minha doença quando eu tinha apenas 14 anos. Na altura não pensei muito sobre isso. Continuei a ir às aulas, a estar com os meus amigos, mal eu sabia o quanto a minha vida ia mudar. Todas as semanas tinha consultas e exames médicos. Os meus pais acompanharam-me sempre. Um mês após ter sido diagnosticada com cancro da tiroide, tive uma consulta com o cirurgião. Foi a primeira vez que ouvi as palavras "tumor maligno". O meu tio e o meu avô tinham morrido com "tumores malignos", pensei que tinha chegado a minha altura também. Disse aos meus pais que queria lutar e fazer todos os possíveis para ficar saudável outra vez. Informei-me sobre esta doença, desde medicamentos a tratamentos, complicações cirúrgicas e exames médicos. Debatia com os médicos sobre o caminho a seguir. Não ia apenas cruzar os braços, tinha que tomar controlo da minha vida. Não gostava quando as pessoas diziam que eu estava doente. Nem que dissessem "coitadinha". Tive pessoas que se afastaram de mim por pensarem que seria contagioso. Lutei com todas as forças que tinha. Os meus pais, a minha família e os meus amigos deram-me as forças que possuíam também. Cheguei a revoltar-me e a pensar que não valeria a pena continuar a lutar. Estava demasiado cansada. Depois pensava que existiam pessoas em pior estado que eu que lutavam sem parar. Elas foram a minha inspiração e foi também por elas que lutei. Para fazer algo com a minha vida, para mudar a vida de outras pessoas. Bem, tenho 18 anos, já fui operada três vezes. Já fiz tratamentos e exames médicos múltiplos, perdi a conta das consultas e análises. Tive um contratempo. Mas com a ajuda das pessoas certas estou a conseguir ultrapassar. Aliás, ainda tenho que agradecer toda esta situação. Apercebi-me que o meu futuro teria de ser a ajudar os outros. Estou a tirar um curso ligado à área da saúde e faço voluntariado. A todos aqueles que estão a passar pela doença oncológica digo apenas que a vida é injusta e faz-nos cair muitas vezes, temos de lhe mostrar que somos fortes o suficiente para nos voltarmos a levantar!
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