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Ulrika

37 anos Tiróide, 2000, Doente
Olá! Eu sou a Ulrika e tive um cancro na tiróide - clinicamente falando um carcinoma papilar da tiroideia. Já passaram 12 anos, mas não me esqueço do dia em que me deram a notícia. Foi no dia 15 de maio de 2000 e eu tinha 25 anos. Chorei muito. Chorei tanto como acho que nunca tinha chorado na vida. Tinha casado há 1 mês e estava no início de uma nova vida. Durante uma semana sonhei que não era verdade, que tudo tinha sido um sonho, que não tinha um cancro. Fui operada passados 10 dias e removeram-me a tiróide, porque já tinha muitos gânglios no pescoço e já estavam a avançar para os pulmões. Fiz um tratamento com iodo radioactivo em que tive que estar 4 dias isolada do mundo. Passados 6 meses fiz outro. Fui sendo sempre vigiada e passados dois anos tive que fazer uma nova operação, porque ainda restavam gânglios que não tinham conseguido retirar. Novo tratamento com iodo e mais uns dias isolada. Hoje em dia, passados 12 anos - a caminho dos 13 - ainda penso nisso, e ainda fico triste, e ainda tenho vontade de chorar. Custa sempre, é uma doença forte. Mas aprendi uma coisa: cancro não é sinal de morte, cancro não significa morte e nunca, nem por um segundo, achei que ia morrer por ter um cancro. Sempre me consegui manter cheia de força e de esperança e encarei isto como se fosse uma simples operação. Simplesmente não pensava no peso que a palavra tinha. E aprendi a desmistificar a palavra cancro. Hoje em dia já digo diretamente que tive um cancro, sem ficar com um nó no estômago. E acho que o essencial é mesmo isso: é nunca perder a esperança. Agarrarmo-nos ao que for de mais importante nas nossas vidas e lutar muito. Porque esta é uma doença manhosa, que aparece sem avisar e sem dor, na maior parte dos casos. Por isso, para mim, a palavra de ordem é vigiar. E continuar a vigiar. Também posso dizer que no meio disto me sinto uma sortuda e estou grata por tudo o que tive e que tenho hoje. Sobrevivi - e bem - a esta doença, refiz a minha a vida e tenho dois filhos lindos que amo acima de tudo. Conheci pessoas fantásticas no IPO, a quem só tenho que agradecer e, cruzei-me com pessoas, ao longo desta jornada, que me ajudaram a ver que não era a única, que havia mais e muitos mais como eu. Pessoas que com uma única visita me encheram de vida. O segredo é lutar e nunca baixar os braços, não pôr um peso maior do que aquele que conseguimos carregar, e encarar as coisas com fé e muita esperança. E não dar tréguas, não deixar que a doença nos vença. Considero este tipo de iniciativas muito importante, pois acho essencial a troca de experiências e a partilha de realidades parecidas com a nossa. Ajuda-nos a relativizar as coisas e aprendermos a lidar com uma nova realidade. Força, imensa força para todos!
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