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Vera Lúcia Graça Panão

32 anos Estômago, 2007, Doente
Sou a Vera, tenho 32 anos e aos 28 anos foi-me diagnosticado um tumor no estômago. Ao fim de mais ou menos um ano apareceram metástases no fígado e agora ao fim de ano e tal voltaram a parecer metástases no fígado, ou seja, continuo doente... De início, não entendi bem o que se passava pois vomitava sem parar... Fiz uma análise e descobri que estava grávida, que felicidade! Afinal o mal-estar tinha razão de ser... Mas entretanto sem se perceber bem porquê a gravidez não evoluía e os vómitos continuavam... Algo não estava bem, interrompi a gravidez mas os vómitos continuavam... Não entendia o porquê. Até que ao fim de um mês sem conseguir ingerir qualquer tipo de alimento (liquido ou sólido), falei com a minha médica de família e expliquei o que se passava. De imediato, mandou-me fazer uma ecografia à tiroide e uma endoscopia para saber o se passava. No dia que fiz a endoscopia (com biopsia) o médico observou que alguma coisa não estava bem e como me apercebi disso perguntei lhe se tinha cancro. Hesitante, questionou o porquê da minha pergunta, expliquei-lhe que o meu avô materno tinha falecido com cancro no estômago, de imediato respondeu que era pouco provável ser hereditário mas que a conclusão do exame só podia ser feita com o resultado da biopsia. A ecografia à tiroide não apresentava qualquer tipo de alteração, mas o diagnóstico da endoscopia não era animador... Tinha cancro no esófago e no estômago. Não era operável, tive de fazer quimioterapia para que o tumor diminuísse e, ao fim de 4 meses, fui operada com sucesso. A situação estava um pouco mais complicada do que se esperava e tive de retirar uma parte do esófago a totalidade do estômago e do baço e a cauda do pâncreas, voltei a fazer quimioterapia e radioterapia em simultâneo e, aparentemente, tudo estaria bem... Até que comecei a emagrecer e a sentir-me constantemente cansada. Fui ter com o meu operador e de imediato fiz exames onde foram diagnosticadas metástases no fígado, mais quimioterapia intensiva e, ao fim de um ano, a situação estava estabilizada. Continuei sempre a fazer consultas, exames de rotina e passado um ano e tal voltaram a aparecer metástases no fígado. Para mim o pior nem era o facto de ter cancro, era que tinha descoberto que estava grávida de 2 meses e tinha um bebé lindo dentro de mim e essa gravidez não poderia continuar porque com a doença punha a vida de dois seres vivos em risco. Fiz a escolha mais dura da minha vida e interrompi a gravidez. Já reiniciei os exames e agora aguardo a biopsia para se poder marcar então a operação. Como podem constatar, todos nós, doentes oncológicos ou não, temos problemas como qualquer outra pessoa, mas a maior diferença é que nós vivemos a vida mais intensamente e como se não existisse amanhã. O único conselho que posso dar é: aproveitem a vida, estejam com as pessoas que amam, digam-lhes todas as vezes que as amam, não guardem nada para amanhã, porque o amanhã pode não existir...
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