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que lhe são transmitidos. É necessário ter-se muita paciência e não se cansar de
repetir muitas vezes a mesma coisa, adaptando a linguagem e a forma de ensi-
no, para que cada pessoa receba facilmente a informação.
No pós-operatório, cabe à enfermagem ajudar o recém-operado nas pre-
ocupações básicas que se tornaram complicadas: a higiene, o banho, a sonda,
os tubos e pensos que lhe colocaram…
Os três primeiros dias exigem muita atenção e muita assistência. A pri-
meira vez que um recém-operado se vê ao espelho é frequentemente um cho-
que. Mais uma vez, a presença da enfermeira é muito importante para minorar
o eventual trauma.
Os tratamentos vão prosseguindo e, ao cabo de aproximadamente cin-
co dias, é preciso ensinar o doente a lidar com a cânula e com a sua limpeza.
Se é verdade que alguns pacientes começam rapidamente a «desenvincilhar-se»
com estes gestos simples, outros há que precisam de muita atenção e de muita
paciência. Há que diversificar a abordagem, a fim de facilitar a adaptação. Mais
uma vez, é necessário ter presente que cada caso é um caso a exigir atenção
e dedicação.
A atenção da enfermagem aos pacientes é constante e, mesmo quando
não está ninguém fisicamente junto do doente, este está a ser acompanhado. Os
doentes têm por vezes um bom acompanhamento familiar, mas há casos em que
tal não se verifica. Sobre a enfermagem recai o trabalho de compensar esta falta.
A laringectomia total é, como já foi dito, uma intervenção muito trauma-
tizante. Por isso, quanto mais informação tiver o doente (e os familiares), mais
fácil lhe será aceitar a nova situação. Nunca será de mais repetir que a informa-
ção é um fator determinante para a adaptação e para a inserção do paciente na
nova vida. Mas nem sempre o doente está preparado para receber a informação;
em tais casos, esta terá de ser «doseada».
O IPO de Lisboa recebe por vezes, no quinto piso, doentes vindos de
unidades hospitalares que não puderam ou souberam resolver o seu caso. Estes
doentes podem estar mal informados e, consequentemente, muito inseguros e
deprimidos. É sobre a enfermagem que recai a tarefa da informação e da inte-
gração do doente.
Passados 11 dias, é altura de tirar a sonda e começar a comer «normalmen-
te». Também este momento requer atenção e paciência. A preparação do doente
para a alta inicia-se no primeiro dia e, em condições normais, termina passados
12 ou 13 dias após a intervenção cirúrgica. Mas também podem surgir compli-