Page 69 - LPCC-Quero Logo Falo
P. 69
68 Quero, logo falo
não só no doente, como parte ativa da equipa, mas também na família e nos
cuidadores. Tendo como foco a estimulação do potencial funcional, por vezes o
objetivo é ajudar o doente a adaptar-se às suas limitações e a criar alternativas,
visando a independêncianas atividades de vida diária.
Podemos dizer que o tratamento de reabilitação deve iniciar-se no pré-
-operatório e acompanhar o doente no pós-operatório inicial e tardio, até à sua
reinserção familiar e socioprofissional, sempre que possível.
Importa referir alguns aspetos da reabilitação do laringectomizado:
1. reabilitação respiratória
Sempre que for possível, a reabilitação respiratória deve ser iniciada no
pré-operatório (na sua maioria, estes doentes são ou eram fumadores, e um gran-
de número tem doenças pulmonares obstrutivas crónicas).
Os objetivos são melhorar a higiene brônquica e a reeducação da mecâni-
ca respiratória, reduzindo as comorbilidades do pós-operatório. As cirurgias fei-
tas a estes doentes têm tempos prolongados, e a dor – com frequência, presente
no pós-operatório – leva ao transporte mucociliar, bem como à acumulação de
secreções. Isto tem repercussões na ventilação pulmonar; daí a importância de
manter a higiene brônquica e de facilitar a reexpansão pulmonar.
Acresce que, nos doentes com traqueostomia, o ar deixa de passar pelo
nariz. Como tal, não é aquecido, humidificado ou filtrado, o que aumenta a pro-
babilidade de haver infeções respiratórias.
2. reabilitação motora
Aquando da linfadenectomia cervical, pode dar-se uma lesão do nervo es-
pinhal, que é responsável pela inervação do esternocleidomastoideu e das fibras
superiores do trapézio. Quando tal acontece, o quadro clínico passa a incluir:
dor cervical e na articulação escapuloumeral homolateral; alterações na postu-
ra; diminuição tanto da amplitude articular quanto da força muscular do ombro,
com repercussões na funcionalidade do membro superior ipsilateral.