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               não só no doente, como parte ativa da equipa, mas também na família e nos
               cuidadores. Tendo como foco a estimulação do potencial funcional, por vezes o
               objetivo é ajudar o doente a adaptar-se às suas limitações e a criar alternativas,
               visando a independêncianas atividades de vida diária.
                     Podemos dizer que o tratamento de reabilitação deve iniciar-se no pré-
               -operatório e acompanhar o doente no pós-operatório inicial e tardio, até à sua
               reinserção familiar e socioprofissional, sempre que possível.
                     Importa referir alguns aspetos da reabilitação do laringectomizado:





               1. reabilitação respiratória


                     Sempre que for possível, a reabilitação respiratória deve ser iniciada no
               pré-operatório (na sua maioria, estes doentes são ou eram fumadores, e um gran-
               de número tem doenças pulmonares obstrutivas crónicas).
                     Os objetivos são melhorar a higiene brônquica e a reeducação da mecâni-
               ca respiratória, reduzindo as comorbilidades do pós-operatório. As cirurgias fei-
               tas a estes doentes têm tempos prolongados, e a dor – com frequência, presente
               no pós-operatório – leva ao transporte mucociliar, bem como à acumulação de
               secreções. Isto tem repercussões na ventilação pulmonar; daí a importância de
               manter a higiene brônquica e de facilitar a reexpansão pulmonar.
                     Acresce que, nos doentes com traqueostomia, o ar deixa de passar pelo
               nariz. Como tal, não é aquecido, humidificado ou filtrado, o que aumenta a pro-
               babilidade de haver infeções respiratórias.





               2. reabilitação motora


                     Aquando da linfadenectomia cervical, pode dar-se uma lesão do nervo es-
               pinhal, que é responsável pela inervação do esternocleidomastoideu e das fibras
               superiores do trapézio. Quando tal acontece, o quadro clínico passa a incluir:
               dor cervical e na articulação escapuloumeral homolateral; alterações na postu-
               ra; diminuição tanto da amplitude articular quanto da força muscular do ombro,
               com repercussões na funcionalidade do membro superior ipsilateral.
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