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                     O doente sofre, ainda, outras alterações significativas tais como:
                     •  Alteração da autoimagem;
                     •  Perda do olfato;
                     •  Perturbações gástricas e da deglutição;
                     •  Limitações da mobilidade cervical ou dos membros superiores;
                     •  Modificações de ordem psicossocio­económicas.

                     No entanto, uma das mais óbvias e profundas implicações da laringecto-
               mia total ou até mesmo a mais devastadora e crítica é a perda total da voz na-
               tural. Para colmatar esta perda é fundamental uma rápida e eficaz reabilitação
               vocal, que possibilite ultrapassar os problemas da comunicação.
                     Após o doente tomar conhecimento da necessidade de realizar a laringec-
               tomia total e, ao longo de todo o processo, o terapeuta da fala estará à disposição
               deste, da família e/ou do cuidador, para aconselhar, esclarecer e dar o suporte
               necessário. O processo de reabilitação da voz é longo e enfrenta múltiplas difi-
               culdades, porém, é fundamental para a reintegração do doente.
                     O papel do terapeuta da fala pode ser dividido em três fases:
                     •  Período pré­operatório;
                     •  Período pós­operatório;
                     •  Reabilitação vocal propriamente dita.
                     Durante o período pré-operatório, não há uma intervenção direta propri-
               amente dita, o terapeuta apoia e esclarece, sempre que solicitado. O paciente,
               na maiora dos casos, está de tal modo traumatizado com a notícia que recebeu
               e com todos os exames e consultas a efetuar até realizar a cirurgia, que não ab-
               sorve muita da informação que lhe é fornecida.
                     No período pós-operatório imediato, ainda durante o internamento, rea-
               liza-se uma avaliação informal e inicia-se a intervenção, esclarece-se o doente e
               dão-se as primeiras orientações, de acordo com as particularidades de cada caso.
               Ao longo do internamento, toda a equipa procura que o doente se sinta compre-
               endido e inicie um modo de comunicação alternativo. É de particular relevância
               nesta fase o contacto com os voluntários, também laringectomizados que já fize-
               ram a sua reabilitação, e são um alento para o recém-operado.
                     A comunicação nesta fase pode ser feita das seguintes formas:
                     •  Escrita e/ou desenho – Os blocos de notas e os quadros mágicos são
                        de extrema utilidade. As novas tecnologias são também uma excelen-
                        te ajuda, dadas as possibilidades de comunicação que oferecem;
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