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dar Voz à eSPerança 143

Os problemas respiratórios são um tributo a pagar à alta montanha, exi-
gindo de todos uma adaptação gradual. Agora imagine-se a dificuldade para
quem não tem as facilidades respiratórias normais. Mas, mais uma vez, é a von-
tade que manda. Aliás, um alpinista famoso (Lionel Terray) disse um dia: «Onde
há uma vontade, há uma via [de escalada]».
Ao longo das atividades referidas acima, foi-se desenhando e discutindo
no seio do grupo a possibilidade de realizar um projeto bem mais ambicioso:
pedalar até ao Vaticano, para cumprimentar Sua Santidade o Papa Francisco,
de que todos são incondicionais e fiéis admiradores, passando por Fátima e
Lourdes. Percorrer perto de 3000 quilómetros (2870, mais exatamente), por um
itinerário que está longe de ser o mais fácil, não era coisa para meter medo a
esse grupo. Tal peregrinação implicava uma logística minuciosa, para que tudo
pudesse funcionar sem sobressaltos. Assim, foi muito bem-vindo o aparecimen-
to de um peregrino… e laringectomizado.
Por ocasião de um convívio de laringectomizados, o Pedro Maciel vo-
luntariou-se para guiar a autocaravana de apoio e para confecionar as refeições
dos ciclistas, depois de tratar do aprovisionamento. É desnecessário salientar a
importância de alimentar inteligente, dietética e pontualmente uma equipa que
tem de pedalar uns 100 quilómetros por dia, durante 28 dias seguidos. E vere-
mos adiante que nem tudo foram rosas, nem tudo foi fácil.
Com a entrada do Pedro para o grupo, este ficou completo. Era com-
posto pelo Telmo (o «benjamim de 40 anos»), o António Maria, o Tolentino, o
Avelino e, claro, o Manuel, que, com 65 anos, era o veterano e o dinamizador
da iniciativa.
A ideia inicial era partir de Setúbal, a fim de estar em Fátima a tempo de
assistir às celebrações do 13 de Maio. Mas, entretanto, e em conversa com outros
laringectomizados do MovApLar, surgiu a ideia de «dar a partida» no dia em que
se celebra em todo o Mundo o Dia Mundial da Voz – ou seja, a 16 de abril. De
facto, o MovApLar tem celebrado o Dia Mundial da Voz com várias iniciativas,
reunindo laringectomizados, familiares, amigos e os diferentes especialistas en-
volvidos no processo: clínicos, enfermeiros, terapeutas da fala, fisioterapeutas,
etc. A ideia de antecipar a partida para o Dia Mundial da Voz – tendo em vista
dar visibilidade à iniciativa e mobilizar pessoas, meios de comunicação social e
outras entidades (direta ou indiretamente) envolvidas na problemática do can-
cro da laringe – fazia todo o sentido e foi prontamente aceite. E podemos des-
de já afirmar que o objetivo foi, incontestavelmente, alcançado.