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a Má SurPreSa... e o Que Se lHe SeguIu 139
com muito mais facilidade de que os homens. A diferença é impressionante. Por
vezes, é possível manter uma conversa quase normal com uma mulher. Com os
homens, pelo contrário, pode ser muito complicado.
Há dificuldades na vida do laringectomizado que nem sempre são eviden-
tes para quem fala «normalmente»:
• Falar ao telefone é uma delas. Nos dias de hoje, representa uma li-
mitação importante; a incapacidade de falar ao telefone implica, por
isso, a dependência de alguém que ajude, especialmente em caso de
emergência;
• É praticamente impossível fazerse entender num automóvel em
marcha.
• Comunicar em determinados serviços, onde o cliente e o atendedor
estão separados por um vidro e falam por meio de um intercomuni-
cador, é muito difícil;
• Conversar com um grupo de pessoas também é difícil;
• Tocar à campainha de um prédio e conseguir responder pelo inter-
comunicador é uma impossibilidade.
• Pedir uma informação na rua, ou em viagem, é um problema.
A Internet constitui uma ótima forma de manter o contacto com os amigos,
de receber e de procurar informação. As pequenas contrariedades e deceções
são sentidas com uma anormal intensidade que fica, geralmente, por exprimir.
A relação com os outros pode complicar-se. No entanto, é de salientar o papel
dos familiares e dos amigos. No meu caso, o apoio familiar foi inexcedível, o
que atenuou muitos problemas, sobretudo nos primeiros tempos após a cirurgia.
A presença dos amigos foi e é uma constante que evita aquela compreensível
(mas muito negativa) tendência para o isolamento, que deve ser evitada a todo
o custo (ainda que nem sempre seja fácil).