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a Má SurPreSa... e o Que Se lHe SeguIu 137
evitar a passagem da água, o que complicava o processo. Também era essencial
não a esquecer quando viajava, por exemplo.
Finalmente, passados mais de dois anos, resolvi atrever-me a experimentar
o Lary Button Provox. Nos primeiros dias, tal como previsto, tive pequenas he-
morragias na zona do estoma, ao retirar o «botão». Mas este inconveniente desa-
pareceu rapidamente e as vantagens do sistema impuseram-se. A fita à volta do
pescoço deixou de ser necessária. Que alivio! A respiração tornou-se mais fácil,
assim como a eliminação das secreções e a manutenção durante o dia. Casual-
mente, descobri algo que me deu um enorme alívio: nem sequer é necessária
uma proteção especial para tomar duche!
Ao fim de três anos, acabei por ir mais longe e voltei a entrar numa pisci-
na. Com o dedo, apertei o «obturador» da cassete da Provox e arrisquei enfiar a
cabeça debaixo de água. Surpresa: não entrou uma única gota! Claro que, para
manter a cabeça debaixo de água, tem de se fazer apneia e manter o «obturador»
premido; mas creio que será possível melhorar esta «técnica». A experiência pes-
soal anterior «dentro de água» é uma enorme ajuda.
A Atos recomenda a substituição diária das cassetes, o que implica ter uma
enorme quantidade com os consequentes custos exorbitantes. Pessoalmente, acho
fácil desmanchar a cassete para lavar o elemento filtrante (pastilha em espuma).
Perdem-se certamente virtudes do sistema, mas não consegui perceber quais; há
mais de dois anos que procedo assim, e não identifiquei nenhuma complicação.
uma das principais funções das cassetes é não só filtrar o ar inspirado mas
também evitar a eventual penetração de insetos, principalmente para quem se
desloca com frequência ao ar livre.
As firmas especializadas propõem lenços para colocar ao pescoço, a fim
de esconder e proteger o estoma. São principalmente um elemento estético, com
o inconveniente de poderem ser incomodativos, dado o calor que provocam.
O sistema com o Lary Buttom é muito discreto e até permite o uso qua-
se normal de uma gravata, além de permitir uma eliminação das secreções mais
fácil do que com as cânulas mais compridas.
Estas observações são o resultado da minha experiência. Espero que pos-
sam ser úteis a alguém nas mesmas circunstâncias. Como já referi, creio que uma
atempada e completa informação evitaria muitas angústias ao laringectomizado.
Este sente que a sua vida passou a depender daquele «buraquinho» e daquele
«tubinho», quando anteriormente tinha duas opções naturais e muito eficientes:
as narinas e a boca.