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SeM anSIedadeS, coM teMPo e eSPerança                            133




            da fala Dr.ª Filomena Gonçalves, bem como da sua equipa, comecei a falar com
            voz esofágica. Claro que a aprendizagem se prolongou por muito mais tempo.
            O aperfeiçoamento continua a fazer parte dos meus dias.
                  De facto, a minha qualidade de vida melhorou substancialmente, permi-
            tindo-me regressar às minhas funções sociais e fazer uma vida quase normal com
            menos decibéis… Sou voluntário da Liga Portuguesa Contra o Cancro do Núcleo
            Regional do Sul, no MovApLar. Continuo a gerir uma carteira de seguros, ainda
            que pequena, angariada quando estava no ativo.
                  Ser solidário, trabalhar, passear e partilhar as nossas vivências são atos que
            fazem parte de uma recuperação de sucesso
                  Em suma: se não houver um acompanhamento adequado e compreen-
            sivo, a falta de comunicação, o desconhecimento da doença e da sua eventual
            recuperação e os parcos recursos económicos de alguns doentes conduzem ao
            isolamento, com os inconvenientes inerentes. A doença e a sua recuperação têm
            de ser encaradas sem ansiedades, com tempo e esperança. O doente deve, na
            medida possível, retomar a sua vida normal, sair, passear. Enquanto não falar,
            deve estar munido de um bloco de notas e de algo que escreva.
                  A perda da voz é uma experiência traumatizante, tanto para o doente
            quanto para a sua família e os seus amigos. No entanto, existem grandes possi-
            bilidades de voltar a falar. Cada caso é um caso, mas a força de vontade é meio
            caminho andado para a recuperação.
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