Page 61 - LPCC-Quero Logo Falo
P. 61
60 Quero, logo falo
de novas drogas fotossensibilizadoras fez renascer o interesse desta técnica, que
tem a grande vantagem de poder ser aplicada sob anestesia local e sem interna-
mento, em pequenos tumores ou em lesões pré-tumorais.
Outras substâncias estão a ser investigadas e criadas tendo em vista o se-
guinte:
• Evitar a transformação tumoral de células já parcialmente anormais;
• Reduzir o risco de recidiva tumoral em áreas previamente tratadas;
• Reduzir o risco de aparecimento de um segundo tumor.
O último aspeto é muito importante, nomeadamente para os doentes fu-
madores com tumores da laringe. De facto, os produtos cancerígenos do tabaco
também atuam sobre toda a via aérea, da boca aos pulmões.
Quando se aprofundou o estudo sobre o modo como uma célula normal
se transforma numa célula tumoral, começou-se a entender que seria o apareci-
mento de genes disfuncionais que levariam à alteração inicial. Tem-se estudado
intensamente o gene p53. Este gene, existente na célula normal, seria ativado quan-
do esta se tornasse tumoral, ordenando o seu «suicídio». Se estivesse inativo, essa
ordem não seria enviada, permitindo a multiplicação descontrolada dessa célula
anormal. A terapia genética tenta corrigir genes inativos ou anormais, ou inserir
na célula tumoral genes funcionantes que levem ao bom funcionamento celular.
Esses genes seriam introduzidos nas células tumorais por adenovírus (vírus da gri-
pe) criados para infetar apenas as células contendo os genes p53 disfuncionais.
Se a antevisão deste «admirável mundo novo» permite uma atitude otimista
em relação ao futuro do tratamento destes tumores, não deve fazer esquecer dois
princípios básicos e fundamentais. Em primeiro lugar, a medicina atual baseia-se
em dados científicos e objetivos, exigindo a aplicação de uma metodologia ci-
entífica rigorosa na avaliação dos resultados e da segurança. Isto não se coadu-
na com a vontade de obter resultados rápidos ou aos quais subjazem interesses
financeiros. Todas as novas drogas ou técnicas têm de passar por uma série de
testes e ensaios «laboratoriais», antes de poderem ser utilizados em ensaios clí-
nicos. Em segundo lugar (e já na fase dos ensaios clínicos), não há ainda dados
nem consenso científico que permitam considerar que estas substancias novas
sejam mais eficazes no tratamento do tumor ou comportam menos riscos do que
a terapêutica convencional. Os doentes que sejam selecionados e queiram par-
ticipar nesses ensaios usufruirão de terapêuticas avançadas, mas os resultados
das mesmas ainda não são totalmente conhecidos. Ao participarem, estarão por