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                     O desenvolvimento de técnicas de cirurgia – através de braços mecânicos
               articulados e controlados à distância pelo cirurgião (cirurgia robótica) – estão a
               permitir intervenções em locais até há pouco inacessíveis. Tal é feito através da
               boca, sem necessidade de «abrir» o pescoço e diminuindo, assim, o tempo de re-
               cuperação e de internamento.
                     A ideia de se poder substituir uma laringe com um tumor por uma laringe
               saudável parece óbvia. Contudo, se os princípios técnico-cirúrgicos do transplante
               de laringe já são conhecidos, esta técnica enfrenta dois grandes problemas. Por
               um lado, e ao contrário de um rim, fígado ou mesmo coração, a complexidade
               das funções mecânicas da laringe dificulta o êxito completo do transplante; é ne-
               cessário manter o traqueostoma nos doentes até agora transplantados. Por outro
               lado, a necessidade de drogas que evitem que a laringe transplantada seja rejei-
               tada impedem atualmente a sua aplicação aos doentes oncológicos.
                     Apesar dos esforços, a criação de uma laringe artificial ainda não foi pos-
               sível. Se estas linhas vierem a ser bem-sucedidas, esse dispositivo viria por certo
               a revolucionar a abordagem terapêutica atual.
                     Os avanços na física de radiações – em sistemas computacionais e de ima-
               gem médica (por exemplo, capazes de fornecer uma imagem tridimensional do
               órgão e do tumor) – estão a modificar a forma de efetuar radioterapia. Novas téc-
               nicas permitem controlar melhor a dose a aplicar, bem como limitar a irradiação
               à área do tumor, poupando assim os tecidos vizinhos. Deste modo, reduzem-se
               os efeitos secundários e melhora-se a salvaguarda da função.
                     Tem-se vindo a estudar a utilização de drogas que tornem as células tu-
               morais mais sensíveis à radioterapia e que possam proteger as células normais
               desses mesmos raios (por exemplo, tentando proteger as glândulas produtoras
               de saliva, evitando assim a secura intensa).
                     A utilização de feixes de protões (não de raios X) permite, atualmente,
               tratar com extraordinária precisão pequenas lesões localizadas em zonas de di-
               fícil acesso através de uma cirurgia. Está a ser usada em alguns tumores da ca-
               beça e do pescoço, e a sua aplicação a tumores da laringe está a ser estudada.
                     Nos últimos anos, a introdução da quimioterapia em associação à radio-
               terapia e à cirurgia veio alterar muito os protocolos de tratamento dos tumores
               avançados da laringe. Estão a ser investigadas novas drogas, novas associações
               de drogas e novos esquemas de aplicação da quimioterapia em conjunto com a
               radioterapia e a cirurgia. Pretende-se obter um melhor controlo do tumor e das
               suas metástases. Muitos destes estudos parecem prometedores; mas, como em
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