Page 112 - LPCC-Quero Logo Falo
P. 112

anteS, durante e dePoIS                                          111




            e regular, de preferência diariamente. Isto pode ser feito através dos aparelhos
            utilizados pelas pessoas que têm bebés, nomeadamente quando pretendem ali-
            viar os narizinhos entupidos e as respirações difíceis (durante as constipações
            ou crises de asma).
                  Não poderia terminar este capítulo sem aludir a uma outra dificuldade, em-
            bora de diferente natureza. Refiro-me ao facto de alguns dispositivos, materiais e
            instrumentos, indispensáveis para os laringectomizados, não constarem das tabe-
            las da ADSE. Deste modo, a contribuição dada para a respetiva aquisição/subs-
            tituição é extremamente diminuta. Chego a perguntar-me se, na ADSE, se sabe
            o que é uma laringectomia, ou se são conhecidas a situação e as necessidades
            clínicas dos laringectomizados. Refiro-me concretamente à compra de materiais
            como as próteses fonatórias, as cânulas fenestradas e as cassetes ou filtros. Tudo
            isto são dispositivos indispensáveis para a comunicação oral e até mesmo para a
            sobrevivência de quem sofreu à amputação da laringe. Em face do incompreen-
            sível indeferimento de comparticipação na aquisição de uma prótese fonatória,
            apresentei a indispensável reclamação à ADSE e entendi dever suscitar a inter-
            venção do provedor de Justiça. Tais diligências tiveram algum êxito, levando a
            uma melhoria das comparticipações processadas. Apesar de não corresponderem
            à solução adequada e justa, elas constituem um primeiro avanço relativamente
            à solução preexistente. Pela minha parte, não deixarei de voltar a colocar o pro-
            blema no momento que julgar oportuno. Penso, porém, que este livro poderá
            representar um importante contributo para que os serviços se consciencializem
            das reais necessidades dos laringectomizados.




                  3.4. A fechar

                  Pouco tempo depois de ter alta hospitalar, o meu cirurgião insistiu: «O la-
            ringectomizado deve continuar a fazer uma vida autónoma e tão normal quan-
            to possível».
                  Diz a sabedoria popular que «depois da tempestade vem a bonança». E o
            certo é que, depois de vários meses de cuidados e sofrimento, chegou um tem-
            po de maiores serenidade, esperança e otimismo. Atinge-se uma forma diferen-
            te de viver.
                  Viver é passar por uma sucessão de bons e maus momentos. No meu caso,
            costumo dizer que, embora continue a viver entre a esperança, a ansiedade e o
   107   108   109   110   111   112   113   114   115   116   117