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anteS, durante e dePoIS 111
e regular, de preferência diariamente. Isto pode ser feito através dos aparelhos
utilizados pelas pessoas que têm bebés, nomeadamente quando pretendem ali-
viar os narizinhos entupidos e as respirações difíceis (durante as constipações
ou crises de asma).
Não poderia terminar este capítulo sem aludir a uma outra dificuldade, em-
bora de diferente natureza. Refiro-me ao facto de alguns dispositivos, materiais e
instrumentos, indispensáveis para os laringectomizados, não constarem das tabe-
las da ADSE. Deste modo, a contribuição dada para a respetiva aquisição/subs-
tituição é extremamente diminuta. Chego a perguntar-me se, na ADSE, se sabe
o que é uma laringectomia, ou se são conhecidas a situação e as necessidades
clínicas dos laringectomizados. Refiro-me concretamente à compra de materiais
como as próteses fonatórias, as cânulas fenestradas e as cassetes ou filtros. Tudo
isto são dispositivos indispensáveis para a comunicação oral e até mesmo para a
sobrevivência de quem sofreu à amputação da laringe. Em face do incompreen-
sível indeferimento de comparticipação na aquisição de uma prótese fonatória,
apresentei a indispensável reclamação à ADSE e entendi dever suscitar a inter-
venção do provedor de Justiça. Tais diligências tiveram algum êxito, levando a
uma melhoria das comparticipações processadas. Apesar de não corresponderem
à solução adequada e justa, elas constituem um primeiro avanço relativamente
à solução preexistente. Pela minha parte, não deixarei de voltar a colocar o pro-
blema no momento que julgar oportuno. Penso, porém, que este livro poderá
representar um importante contributo para que os serviços se consciencializem
das reais necessidades dos laringectomizados.
3.4. A fechar
Pouco tempo depois de ter alta hospitalar, o meu cirurgião insistiu: «O la-
ringectomizado deve continuar a fazer uma vida autónoma e tão normal quan-
to possível».
Diz a sabedoria popular que «depois da tempestade vem a bonança». E o
certo é que, depois de vários meses de cuidados e sofrimento, chegou um tem-
po de maiores serenidade, esperança e otimismo. Atinge-se uma forma diferen-
te de viver.
Viver é passar por uma sucessão de bons e maus momentos. No meu caso,
costumo dizer que, embora continue a viver entre a esperança, a ansiedade e o