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anteS, durante e dePoIS 109
Dou três exemplos:
• Aquilo a que chamo «reação do coitadinho» – Tratase da manifestação
de pena da parte de alguém que tem manifestas dificuldades em co-
municar oralmente;
• Também ocorre com muita frequência que uma pessoa com quem fa-
lamos não tenha a sensibilidade de se manter silenciosa quando ten-
tamos exprimir uma ideia mais importante e, embora sem maldade,
sobreponha a sua voz à nossa, o que basta para nos forçar a interrom-
per a comunicação;
• É frequente, em certas circunstâncias, aquilo a que chamo «conselhos
piedosos», do género: «Ai como está essa garganta! Tome um chazinho
com uma colher de mel, que isso passa»: Repito: a intenção pode até
ser a melhor, mas é desapropriada e fora de tempo.
Não é excessivo repetir esta ideia: a voz recupera-se e afina-se.
A fala torna-nos plenamente humanos. Logo, a terapia da fala constitui
um grande passo para uma vida normal, representando uma etapa fundamen-
tal no caminho da recuperação, quer do ponto de vista da autoestima, quer no
plano social.
Frequento sessões de terapia da fala com a Dr.ª Maria Filomena Gonçalves
desde há quase cinco anos. Com a sua ajuda, tenho feito progressos significativos
quer na utilização da voz traqueoesofágica – com recurso à prótese fonatória que
me foi implantada no ato cirúrgico –, quer no uso da própria voz esofágica. Com
esforço e força de vontade, é possível melhorar progressivamente as capacidades
de reutilização desse tão importante instrumento de comunicação que é a voz.
Claro que evito, sempre que possível, ambientes ruidosos ou interlocutores
que não sabem calar a sua torrente verbal, não chegando a ter consciência das limi-
tações de quem se vê forçado a um particular esforço para se poder fazer ouvir.
3.3. outras limitações
Além das limitações já referidas, posso mencionar a perda do olfato e da
capacidade de soprar ou de cuspir.
Como é natural, dou particular relevo à perda do «cheiro. No meu caso,
consigo, ao sair de casa e se o vento ajudar, cheirar a loção de barbear que usei,