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            3. o «depois»


                  Entre os pontos mais importantes desta última fase, posso referir, a título
            exemplificativo, os seguintes: a radioterapia, a fisioterapia, a terapia da fala ou
            os exames periódicos de controlo – TAC e consultas regulares com o meu cirur-
            gião. Estas etapas foram por vezes penosas. Visavam a recuperação, sem preju-
            ízo de outras limitações resultantes da laringectomia, bem como de dificuldades
            que persistem. No entanto, o objetivo final consiste numa recuperação que nos
            permita viver o dia a dia com autonomia e com esperança.




                  3.1. A radioterapia


                  Fiz, como creio ser norma, 30 sessões de radioterapia, que decorreram
            sem interrupções exceto aos fins de semana. Os tratamentos foram realizados
            na CuF Descobertas, sob a supervisão atenta e competente da Dr.ª Julieta Meyer
            da Silva, que continua a acompanhar-me com regularidade.
                  Ainda antes de realizar a primeira sessão, fui avisado para os possíveis
            efeitos visíveis da radioterapia. Destaco os seguintes: perda de apetite e diminu-
            ição de peso; perda da saliva; deterioração dos dentes; queimaduras nas zonas
            irradiadas, na fase final.
                  Por isso, tornava-se importante ter uma alimentação cuidada. Também
            me recomendaram cuidados com a hidratação da pele e com a utilização re-
            gular de pomadas, nomeadamente após as sessões. Tendo presente a locali-
            zação da zona a irradiar, foi fabricada uma máscara que me era colocada na
            cabeça antes de a sessão começar e retirada logo que a mesma acabava. Não
            tive dificuldade em adaptar-me à utilização da máscara, que sei constituir uma
            dificuldade para alguns laringectomizados, principalmente para os que sofrem
            de claustrofobia. Devo dizer que efetuei todas as sessões de radioterapia (que
            decorreram nos dois últimos meses de 2010) sem muito sofrimento ou graves
            consequências imediatas. Com um apetite que nunca perdi e a alimentação
            reforçada e saborosa que a minha mulher e a nossa filha me prodigalizaram,
            acabei mesmo por ganhar peso, tendo começado com 90 quilos e acabado com
            mais de 91. No terço final das sessões, senti mais problemas com as queimadu-
            ras, não só no peito – na zona abaixo do estoma – mas até mesmo nas costas.
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