Page 124 - LPCC-Quero Logo Falo
P. 124
uMA HISTóRIA COM MuITAS ESTóRIAS DENTRO
– COMPILAçãO DE TESTEMuNHOS
Maria Lúcia Garcia Marques
Começa sempre com uma rouquidão. Talvez uma irritação ao fundo da
garganta, que se transforma numa rouquidão. uma rouquidão teimosa, que re-
siste às mezinhas costumeiras e se vai acentuando, com avanços e recuos, mas
que não cede. Passa dos médicos de clínica geral para os otorrinos, e entretanto
o tempo alonga-se. Até que surge um exame mais aprofundado que faz soar o
alerta. uma TAC instala a suspeita, uma biópsia fixa o diagnóstico.
Conta José Joaquim: «Comecei a sentir um ardor na boca […]. uma médica
da consulta de ORL diagnosticou-me uma candidíase e medicou-me com Micos-
tatin. […]. Estranhei não me fazer qualquer tipo de exames a não ser ao sangue.
Locais, nada. Falei-lhe em biópsia; disse não ser necessário. Entretanto, comecei
a notar alteração na voz, o ardor na boca aumentou e resolvi mudar de médico
ao fim de um ano nisto». O novo médico «fez-me exames locais e mandou-me
fazer uma TAC, e assim que viu o resultado enviou-me logo para o IPO. Perdi
um precioso ano; se tivesse sido logo operado, talvez se pudessem ter salvo as
cordas vocais. Mais tarde, em conversa com outros laringectomizados, vim a sa-
ber que havia muitos casos como o meu. Parece que há médicos que não con-
seguem diagnosticar um tumor na laringe…».
Manuel Bolas conta assim a sua história: «A rouquidão tornou-se persis-
tente e nenhum dos medicamentos, vulgarmente designados “de venda livre”, a